Amara
A manhã amanheceu mais barulhenta do que de costume. Não era só a cidade. Era o planeta inteiro respirando em cima da gente. O celular vibrava sem parar. O painel na sala mostrava telas de canais de outros países, legendas correndo como maratona.
Ronan apontou para três monitores ao mesmo tempo.
— Europa: “investigação imediata”.
— Oriente Médio: “ameaça à ordem”.
— América do Sul: metade pede diálogo, metade grita “caça”.
Ele respirou.
— E tem isso aqui.
A manchete ocupava a tela toda:
— “NÃO HUMANOS NO PODER?”
Abaixo, fotos minhas e de Damian, uma do nosso discurso, outra da minha fala na festa de Voss, recortada até não sobrar contexto.
— Eles vão morder qualquer pedaço que sangrar mais — comentei, tentando manter a voz neutra.
— E nós vamos servir os fatos — disse Damian, simples, ao meu lado. — Sem grito.
Mirella trouxe café e colocou ao alcance da mão.
— Hoje é dia de voz e de calma — falou. — E de escolher onde gastar cada palavra.
Assenti. O pulso vibrou de leve, não c