Pietro
Quando saí de casa naquela tarde, sentia que algo estava fora do lugar. Talvez fosse o peso acumulado das últimas semanas, talvez fosse apenas o cansaço de tentar manter tudo sob controle — trabalho, casamento, meu próprio ego. De qualquer forma, segui minha rotina. Meu primeiro destino era o escritório do meu sogro, Ivan Luzhin, um homem cuja presença por si só parecia encher a sala de uma gravidade inescapável.
— Pietro, seja breve. Tenho uma reunião em quinze minutos. — A voz dele era direta, firme, sem margem para interpretações. Ele mal levantou os olhos para me encarar enquanto revisava os papéis à sua frente.
Entreguei o relatório que havia preparado, resumindo as operações da semana. Meu tom foi prático, detalhado, como sempre. Ele ouviu tudo sem interromper, seus olhos finalmente levantando da mesa quando terminei.
— Isso está aceitável. Continue assim, Pietro. Não dê motivo para que eu questione sua capacidade de estar aqui.
“Capacidade de estar aqui”. Ele sempre fazi