Stefanos
O silêncio depois da destruição era ensurdecedor.
Fiquei parado no meio do hall, olhando ao redor.
Madeira quebrada. Vidros estilhaçados. Móveis partidos ao meio.
O reflexo exato do que eu sentia por dentro.
Minhas mãos ainda tremiam, mas agora era diferente.
Não era raiva.
Era algo pior.
Era o vazio.
Por um instante, senti o peso dos olhos de Nuria e Rylan sobre mim.
Mas não me movi.
NuriaO som da porta se fechando ecoou no corredor como uma sentença.Fiquei ali, imóvel, olhando o espaço vazio que ele deixou para trás.Não chorei.Não dessa vez.A rejeição queimava dentro de mim como fogo frio.Stefanos não apenas me deixou para trás...ele me afastou.Como se o meu amor fosse um peso.Como se a minha presença fosse algo que ele já não pudesse carregar.
NuriaParei a poucos passos dele, sentindo a tensão pulsar no ar."Não," respondi, firme, mesmo que meu coração doesse. "Não vim te impedir."Ele se virou então, devagar, como uma fera acuada.Os olhos prata me atravessaram como punhais."Então o que veio fazer? Me consolar? Me dizer que tudo vai ficar bem?" a risada dele foi seca, sem humor. "Poupe seu tempo, Nuria. Não preciso da sua pena."Aquelas palavras me cortaram.Fundo.Mas não me movi.
StefanosAs palavras dela ainda ecoavam dentro de mim."Esperando que a dor diminua... e que você volte a nos enxergar."Fechei os olhos, sentindo o impacto atravessar minhas defesas como uma lâmina.O que eu via agora, olhando para mim mesmo?Nada além de ruínas.Meu peito ardia.Minha cabeça latejava.E o medo... o medo era uma corrente sufocante ao redor da minha garganta.Eu havia perd
NuriaO quarto parecia menor a cada minuto.Eu andava de um lado para o outro, sentindo o piso frio sob os pés, tentando sufocar a vontade de descer as escadas e encará-lo de novo.Por que eu aceitei tão fácil?Por que não gritei? Não bati nele? Não fiz ele engolir cada palavra cruel que me lançou?A verdade era amarga demais para ignorar.Eu sabia.Eu já estive exatamente onde ele estava agora.Eu conhecia aquela dor de
StefanosO corpo dela nos meus braços era a única coisa que ainda fazia sentido.Nuria estava ali.Respirando.Viva.Minha.E eu precisava sentir isso da única forma que sabia: tomando o que era meu. Reafirmando o que a dor tentou destruir.Meus dedos deslizaram pela cintura dela, subindo pelas costas com força contida, puxando-a ainda mais contra mim.Ela não resistiu.Ela nunca resistiu a mim.
JennaAndava de um lado para o outro no salão como uma loba sem rumo. Meus pés pareciam latejar de tanto rodar, mas minha cabeça não descansava."Nuria está demorando demais...""Jenna." A voz de Rylan soou atrás de mim, paciente até demais. "Eles são um casal. Vão se resolver.""Você viu como ele estava, Rylan! Aquele lobo parecia um animal ferido, e você sabe o que acontece quando um animal ferido é encurralado!""Sim," ele cruzou os braços, apoiado na porta com aquele maldito ar de quem sabe
NuriaA luz dourada da lareira dançava pelo pequeno salão enquanto o som do riso preenchia o ambiente. Meu pai serviu mais uma rodada de vinho, minha mãe cortava pedaços extras de torta para Elias, e Gael ainda insistia em me provocar."Você vai mesmo fazer isso?" Ele perguntou, encostado na mesa, os braços cruzados."Claro que vai," meu pai respondeu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. "Minha filha, primeira violinista da Orquestra Nacional!"O orgulho em sua voz fez meu peito vibrar. Ser escolhida para a Orquestra Nacional era um sonho que eu nem ousava imaginar, e agora estava diante de mim. Mas havia um preço."Se eu aceitar, terei que viver entre os humanos."O silêncio caiu por um instante.A Alcateia Lunar sempre fora meu lar. Uma comunidade fechada, isolada dos humanos, escondida entre as montanhas. Enquanto outras alcateias tentavam se misturar ao mundo moderno, a nossa se mantinha fiel às tradições antigas. Saindo dali, eu me tornaria mais uma loba aventureira."Você
NuriaSeis meses.Seis meses de agonia. De dor. De espera.Seis meses de um pesadelo sem fim, onde cada dia era um lembrete de que minha existência não me pertencia mais.O Alfa da Alcateia Invernal não era um homem. Era uma sentença.Desde a noite em que Solon marcou minha pele com seus dentes, eu me tornei sua propriedade. Seu experimento. Seu fracasso.Ele me trancou em um quarto, me forçou a beber seus chás, a suportar seus toques, a ouvir suas promessas doentias. Me reduziu a nada além de um ventre vazio, uma peça defeituosa no seu plano de grandeza.E agora, meu tempo acabou.A sentença seria cumprida.Meus olhos estavam fechados, mas eu já sentia tudo ao meu redor.O cheiro da terra úmida. O vento cortante da noite. As correntes frias ao redor dos meus pulsos e tornozelos. A respiração irregular das outras mulheres condenadas.O altar estava pronto.Eu seria sacrificada à Deusa.Um grito cortou o silêncio.Dessa vez, eu abri os olhos.A dor veio de imediato. O ferro cravado em