Nuria
O caminho de volta foi mergulhado em silêncio.
Mas não era o tipo de silêncio desconfortável.
Era aquele que pesa no ar, carregando promessas… e medo.
Stefanos dirigia com uma das mãos firmes no volante, enquanto a outra permanecia entrelaçada à minha.
Seu toque era constante. Quente. Como se ele também estivesse tentando acreditar que aquilo era real.
Eu, por outro lado, não conseguia tirar os olhos do papel no meu colo.
Seis semanas.
Seis semanas de vida crescendo dentro de mim.
JohanO corredor estava vazio.Pelo menos, parecia.Meus passos ecoavam baixos, cuidadosos, como se o piso pudesse denunciar o que eu carregava no peito.O embate com Stefanos ainda latejava na mente. Ele tentando bancar o tio protetor, como se ainda houvesse espaço pra redenção entre nós. Como se aquele discurso sobre confiança e escolha de lados fosse o suficiente pra me fazer esquecer tudo.A marca no pescoço da Nuria era o suficiente pra me deixar em alerta.O jeito como ele falava dela… como se já não enxergasse mais n
JennaA mansão estava silenciosa demais para uma noite como aquela.E eu estava no limite.Os últimos acontecimentos pareciam ter sugado cada gota de energia do meu corpo. Levaram embora o sono, a paz e até a capacidade de organizar os próprios pensamentos. E, como se não bastasse, meu coração ainda batia em descompasso… com nome e sobrenome:Rylan Bastien.O jeito como ele me olhava... como me defendia… como me tocava.Era afeto, mas também fogo. Era proteção, mas também desejo. Uma mistura perigo
RylanO cheiro dele ainda estava nela.Mesmo fraco, mesmo superficial… era o suficiente para me deixar no limite.Minha respiração vinha pesada, e minha visão oscilava entre o vermelho da raiva e o dourado do meu lobo, tentando se libertar. Johan. Aquele moleque maldito havia encostado nela. Encostado. E eu estava a um fio de atravessar aquele corredor, quebrar o protocolo do Stefanos e rasgar o pescoço dele com as minhas presas.Mas não era isso que Jenna precisava.Ela tremia.Tremia mesmo tentando esconder, mesmo mantendo a cabeça erg
StefanosO quarto mergulhava em silêncio, quebrado apenas pelo som suave da respiração de Nuria contra o meu peito.Ela dormia profundamente, entregue ao cansaço... e, finalmente, em paz. Meu braço a envolvia com firmeza, como se meu toque pudesse blindá-la do mundo e, no fundo, era exatamente isso que eu desejava.Dois corações batiam dentro dela. E eu sabia, com uma certeza cortante, que morreria por ambos sem hesitar.Meu lobo estava rendido de um jeito que nunca imaginei ser possível. Por mais que eu tentasse calar a emoção que me tomava, ela transbordava, em silêncio, mas com uma força avassaladora.Minha mente, entrelaçada ao inst
StefanosO dia nasceu e eu ainda não tinha pregado os olhos.O sol já despontava pela janela do escritório, tingindo os móveis com uma luz dourada suave. Mas nada naquele ambiente tinha paz. Nada em mim tinha descanso.Nuria dormia no quarto, envolta em segurança e em silêncio e foi por ela, por aquele pequeno ser que batia dentro dela, que eu estava aqui. De olhos vermelhos, com os punhos fechados e o coração em conflito.Johan entrou pela porta, como se nada tivesse acontecido.Mãos nos bolsos, ombros erguidos, aquele andar displicente de quem acha que o mundo lhe deve alguma coisa. Ele me encarou
NuriaO cheiro do chá de ervas, misturado com pão quente e frutas cortadas, chegou até mim antes mesmo que eu abrisse os olhos.E foi o bastante para o estômago revirar.Levei a mão à boca, tentando conter a onda súbita de náusea que subia como maré cheia. Respirei fundo, de olhos ainda fechados, tentando encontrar um ponto de proteção. Mas tudo que senti foi o vazio ao meu lado na cama.Stefanos não estava ali.Seus braços, que costumavam me envolver como armadura durante a noite, tinham sumido. O calor dele também. E mesmo sem abrir os olhos, eu senti a ausência como se fosse um peso físico. Um buraco aberto em mim.Só então ouvi o som de porcelana tilintando.
StefanosA voz de Johan já estava começando a soar como ruído de fundo. Não porque ele tivesse parado de provocar, mas porque eu já não ouvia mais nada.A porta da sala se abriu devagar.Jenna entrou.Não disse uma palavra.Mas o olhar dela, o rosto pálido, o peito arfando, as mãos inquietas... disseram tudo que eu precisava saber.Algo estava errado com Nuria.Foi como se o sangue evaporasse das minhas veias.
StefanosO hall da mansão estava em silêncio.Silêncio demais.Todos os empregados estavam alinhados, lado a lado, como se estivessem diante de um tribunal invisível. Rylan os havia reunido com eficiência. Alguns tremiam. Outros mantinham a cabeça baixa, tentando parecer calmos. E, no meio deles… Johan.Braços cruzados, ombros soltos demais, aquele maldito olhar de desprezo entediado. Como se tudo aquilo fosse apenas um teatro. Como se não fosse pessoal.Mas era.Observei cada rosto com uma sede de vingança que jamais