Charlotte encosta a testa na janelinha do avião, observando as nuvens se afastarem enquanto o chão do Brasil vai surgindo lá embaixo, cada vez mais perto. O sol bate direto no rosto dela, mas ela nem se mexe. Está longe dali. Perdida nos próprios pensamentos.
O avião já começa a descer, e o aviso de apertar os cintos ecoa pela cabine. Ainda assim, o coração dela parece mais apertado que qualquer cinto de segurança.
“O que eu estou fazendo?”
“Como fui me meter nisso?”
Ela fecha os olhos por alguns segundos e solta o ar devagar. Não era só uma viagem. Era uma missão. Daquelas que ninguém quer, mas que você acaba aceitando por não conseguir dizer não. Principalmente quando a pessoa em questão é Ava Smith, a filha do homem que, um dia, mexeu com tudo dentro dela.
“Seus pais merecem saber que você está viva antes de qualquer pessoa.”
Mas, mesmo com esse pensamento martelando, Charlotte sabia: não seria fácil. Ela carregava verdades demais, mentiras demais… e nenhum manual de instruções.
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