— O senhor Smith não está — o homem responde.— É urgente, por favor ligue para ele e avise.Enquanto fala, Charlotte ajusta a postura, tentando manter a calma apesar da crescente ansiedade. O recepcionista do outro lado do balcão a observava com uma mistura de simpatia e cautela.— Senhora, entendo que tenha algo importante para falar com o senhor Smith, mas ele está passando por um momento delicado — diz o homem com a voz baixa e respeitosa. — Ele não aparece na empresa desde o acidente da filha. Além disso, hoje foi realizada a cerimônia fúnebre, e ele está bastante abalado.Charlotte sente um aperto no coração ao ouvir isso, pois se lembra de ter encontrado Ethan pessoalmente e teve a oportunidade de falar toda a verdade para ele naquele momento. No entanto, estava com tanto medo do que poderia acontecer com o seu filho que decidiu ficar em silêncio.— Além disso — o recepcionista continua. — Ele viajou para o Brasil com a família e não temos previsão de quando retornará — contin
Quando o automóvel para ao lado dela, Charlotte abre a porta para entrar, no entanto, sente uma mão forte puxar o seu braço e tirá-la de perto do veículo.— O que pensa que está fazendo, mãe?A voz grave de seu filho Mark a assusta e, quando ela se vira para encará-lo, sente que ele não está de bom humor.— Mark, o que está fazendo aqui? — pergunta, surpresa por ele estar ali naquele lugar, e pelo jeito que ele a abordou.O motorista do táxi estranha aquela interação dos dois e questiona.— Precisa de ajuda, senhora?— Não, ela não precisa — Mark responde nervoso.— Eu não fiz a pergunta para você, rapaz — o motorista responde, mostrando que não está intimidado.Notando que aquilo poderia gerar uma confusão, Charlotte responde:— Não se preocupe, está tudo bem, ele é o meu filho — explica. — Eu não vou mais precisar dos seus serviços, pode ir.Mesmo parecendo preocupado, o motorista decide fazer o que ela pede. Assim que o veículo se afasta, Mark começa a falar novamente.— Eu sabia q
Sem alternativas, Charlotte resigna-se às palavras do filho, reconhecendo que Mark estava mais envolvido na situação do que ela jamais imaginou. Embora não compreendesse completamente as motivações de Hector ou do próprio filho, sua principal preocupação era a segurança de Mark. Com uma mistura de esperança e apreensão, ela apenas podia rogar que tudo acabasse bem tanto para ele quanto para Ava.Então, mesmo contra a sua vontade, Charlotte foi afastada da mansão Moreau.Com o passar de alguns dias, Mark sabia que precisava dizer toda a verdade ao amigo, que ficou furioso quando soube o que estava realmente acontecendo.— Será que ela falou com mais alguém? — Hector indaga, caminhando agitadamente pelo escritório.— Não, ela não falou nada. Não se preocupe — Mark responde, tentando tranquilizá-lo. — Fiz várias perguntas e ela me contou tudo. Ethan está no Brasil com a família e não quer ser incomodado. Ela só conseguiu o endereço do noivo da Ava.Pensativo com a informação, Hector ques
A revelação de Ava o faz engolir em seco. No entanto, ele já deveria ter imaginado que ela havia se lembrado de tudo assim que viu sangue nos olhos dela.— Então, você se lembra? — ele pergunta, acariciando o lugar onde recebeu o tapa.— Sim, eu me lembro quem você é, Hector, CEO da Moreau Real Estate, um dos meus maiores inimigos no setor.Percebendo que ela diz a verdade, ele começa a gargalhar, ao sentir que agora estava diante da verdadeira Ava.— Até que enfim, você se lembrou de tudo. Estava até pensando que a sua memória não voltaria mais.Sem entender o motivo dele manter aquele sorriso sádico no rosto, ela continua o confronto:— Eu não sei o motivo desse seu risinho, seu desgraçado, mas vou arrancá-lo do seu rosto assim que eu conseguir me lembrar de como vim parar nesse lugar — declara, intrigada.Os olhos de Hector se estreitam, confusos com o que acaba de ouvir.— Como assim? Você não se lembra? — ele pergunta, agora mais intrigado.— Eu só me lembro que eu estava dirigin
Nem em seus piores pesadelos, Doris imaginou que seria confrontada daquele jeito, ainda mais por uma pessoa que ela considerava ser uma ameça real. No entanto, o que mais lhe intrigava era saber como Ava conseguiu chegar àquela conclusão.Mesmo que não quisesse demonstrar nenhum tipo de reação, a acusação de Ava lhe causa um incômodo que não consegue disfarçar.— Do que você está falando? — ela pergunta, sentindo a sua voz sair trêmula.— Você acha que não notei como você fica olhando para o Hector quando ele não está vendo?— Você está louca, isso sim — diz ela, se esquivando da conversa.— Será que o Hector vai achar o mesmo quando eu falar para ele sobre isso? — questiona, virando e fazendo menção de que estava prestes a sair dali para ir atrás de Hector.Percebendo o risco eminente que estava correndo, Doris rapidamente avança, segurando o braço de Ava com uma firmeza inesperada. Seus olhos largos refletem medo e súplica.— Por favor, não faça isso — ela implora, abaixando um pouc
Vendo o veículo desaparecer ao longe, Doris é tomada por uma súbita consciência do grave erro que cometeu.— Ele nunca vai me perdoar — murmura para si mesma, pensando em Hector.O peso da decisão cai sobre ela como uma tempestade.— Meu Deus, o que eu faço agora?Sua linha de pensamento é pesada e ela percebe que precisa fazer alguma coisa para não ser excluída da vida de Hector. Decidida a tentar sair daquela situação sem levar toda a culpa, ela tira o celular de seu bolso e liga para Hector.— Doris, aconteceu alguma coisa? — A voz dele parece preocupada do outro lado da linha.— Hector, a Ava fugiu — revela, tentando conter o choro.— Como assim? — Ele questiona, mudando o tom de voz drasticamente.— Eu vim até a farmácia comprar alguns remédios quando escutei um barulho estranho no porta-malas. Curiosa, eu decidi abrir e encontrei a Ava escondida dentro dele.— Que diabos… Onde você está? — A voz de Hector é como um trovão ao telefone, seu tom carrega uma ira tremenda.— Hector…
Quando ouve o som de passos se aproximando da porta, Ava sente uma mão pesada selar sua boca e, num instante, é arrastada rapidamente para longe da casa.“O que estava acontecendo?” ela pensa, enquanto é puxada para um canto sombrio, sem conseguir discernir quem a arrasta.Não bastasse o pavor daquele momento, memórias começam a inundar sua mente em flashes rápidos e vívidos. Ela recorda-se de colocar o teste de gravidez na bolsa, de entrar em seu veículo com um sorriso radiante, e de chegar à frente de sua casa. Lembra-se de abrir a porta e ver uma camisa masculina jogada ao chão. De seu coração batendo forte enquanto caminhava pelo corredor até a porta do quarto, de onde vinham ruídos suspeitos.De repente, sua memória se torna cristalina: e se recorda do exato momento em que abre a porta do quarto e se depara com James, completamente nu, em um momento íntimo com outro homem. Ela se lembra do choque da cena que presenciou e do rosto de James ao perceber a sua presença.Ainda sendo l
Quando chegam à mansão, Ava desce do carro sem questionar nada e segue para o interior da casa sem dizer uma palavra.Doris a observa entrar e seu rosto se contorce em pânico, temendo que seu envolvimento nos recentes acontecimentos pudesse ser exposto.— Prepare algo para ela comer — Hector instrui, vendo Doris paralisada.Depois, ele acompanha Ava até o quarto.Eles cruzam o limiar da porta e Ava pausa por um instante, observando o espaço onde estava sendo mantida. Ela então se volta para Hector.— Posso ficar sozinha? Minha cabeça está latejando — pede, com uma voz que, surpreendentemente, não carrega raiva, ressentimento ou sarcasmo. Havia apenas um cansaço profundo em seu tom.Percebendo o desgaste emocional dela, Hector concorda com um aceno e sem dizer nada, se retira, fechando a porta atrás de si com delicadeza.Assim que deixa o quarto com uma expressão preocupada, Hector pausa brevemente na soleira da porta enquanto seu olhar se perde no vazio.“Será que ela se lembrou de tu