O portão de ferro rangeu de novo às costas deles, engolido pela névoa que parecia mais densa agora. A rua silenciosa refletia o frio crescente da madrugada, mas Tânia nem sentia. Não quando os passos de Cauã soavam tão próximos atrás dela. Não quando o ar ainda carregava o cheiro de folhas e tensão.
Cauã destravou o carro e abriu a porta para ela, sem dizer nada.— Educado, hein? — comentou Tânia, com um sorriso enviesado.— Só não quero que reclame depois que molhou o cabelo com essa neblina — retrucou ele, entrando logo em seguida.O motor ronronou e os faróis rasgaram o nevoeiro. Por um tempo, tudo que se ouvia era o som dos pneus sobre o asfalto úmido. Tânia, então, quebrou o silêncio com um tom quase displicente:— Por que você veio comigo hoje?Ele não respondeu de imediato. Os olhos fixos na estrada, o maxilar contraído.— Porque era importante — disse enfim.— Hm — ela inclinou a cabeça, observando a pai