Sentado à mesa com a esposa e a filha, Damião comia em silêncio, perdido em seus próprios pensamentos. Embora não tivesse nenhuma prova, seu instinto de pai o alertava: algo parecia diferente. Entre o momento em que Catarina saiu para trabalhar e o retorno à tarde, algo havia mudado, e ele sentia isso no ar.
— Acho que deixei as batatas tempo demais no forno — disse Andrea, tentando quebrar o silêncio.
— Estão deliciosas, mamãe — respondeu Catarina, sorrindo.
Damião observava a filha conversando normalmente com a mãe, mas não conseguia se convencer de que tudo estava como antes. Havia algo ali, algo que ela não contava.
— Como estão as coisas no trabalho, filha? — ele perguntou, finalmente, tentando manter a voz calma.
Surpresa com a pergunta, Catarina ergueu os olhos e demorou um instante para responder:
— Estão bem, papai.
— E o senhor Henri? — continuou ele, com cuidado.
Ela engoliu em seco, ligeiramente confusa, e demorou alguns segundos antes de responder.
— O que tem ele? — perg