O táxi de Alexandra cortava a estrada de São José dos Campos, o sol da manhã iluminando a paisagem de campo que, por tantos anos, foi o seu refúgio e sua prisão. No banco de trás, a voz da mãe ainda ecoava em sua cabeça, misturando-se com a voz do avô. Ela se forçava a ignorar a turbulência que sacudia seu corpo e alma, voltando o olhar para a janela, onde a paisagem rural começava a ceder lugar ao asfalto e aos prédios da cidade.
Em sua mente, como um filme, a cena da faculdade se reproduzia. Ela, uma garota tímida, magra, com óculos grandes que escondiam seus olhos flamejantes. Ele, Sean Black, o conquistador, o futuro magnata, que sequer a notava, mesmo ali entre bibliotecas e salas de aulas. Ela o via de longe, nos corredores, nas aulas de Direito Empresarial. Ele, com a sua aura de poder, sempre cercado por mulheres, sempre com a sua expressão fria e indiferente. Ela era um fantasma, uma sombra. Ele era a luz, a vida. O contraste era brutal, e ela se lembrava de se sentir pequena