Saímos da cozinha e fomos para o escritório, como se o resto do mundo tivesse deixado de existir. O barulho distante da chuva contra as janelas parece acompanhar a nossa respiração descompassada. Isadora encosta em mim de novo, e eu sinto o coração dela bater rápido, forte, um ritmo que de alguma forma embala o meu próprio peito.
Não sei quanto tempo ficamos assim, sem falar nada. Só sei que não quero soltar. Porque, pela primeira vez desde que acordei naquele hospital, não sinto a distância que me separa dela. Não há vazio, não há perguntas. Só existe ela nos meus braços, quente, real, tangível.
— Eu estou com medo, Sebastian — ela diz de repente, a voz embargada, mas firme o suficiente para me atravessar. — Estamos nós dois perdidos nessa coisa toda. Temos um filho, temos o... nosos casamento. Mas o que será da gente se você não recuperar a memória? Criar novas lembranças será suficiente?
Fecho os olhos por um instante, absorvendo o peso das palavras. O medo dela é um refle