Fogo no peito, água nos olhos.
KESIA MUNIZ
Acordei pior que ontem.
Cada dia passado longe do meu filho para mim é uma tortura.
Dois dias. Dois malditos dias.
Estava com o mesmo roupão de ontem. Minha perna tinha um curativo novo, e os lençóis eram outros, será que foi o Fellipo?...
As moletas estavam encostadas na cama, levantei com a ajuda delas e tomei banho fazendo o impossível para não molhar a perna.
Sem conseguir vestir calça, me vi usando um vestido, sendo mais fácil pôr.
Olhei pela janela e já era noite.
Minha barriga roncou, lembrando que não comi nada hoje.
Saí do quarto e o corredor silencioso e vazio me recebeu. Olhei de relance sua porta fechada. Para meu próprio bem, passei reto.
Com muita dificuldade, desci as escadas. Droga aqui poderia ter um elevador.
Fui à cozinha, pedi comida à Marta e comi por lá mesmo.
Não conversei com ninguém, sem querer ouvir perguntas sobre meu pequeno.
Voltei para o quarto, e só agora percebi que nem Tolita e nem Doris estavam em casa.
Toli