O apartamento estava imerso num silêncio quase sagrado quando Natália chegou. O som suave de seus passos sobre o piso frio foi o único sinal de vida no ambiente até que ela cruzou o corredor e encontrou Nicole sentada na beira da cama, com Irina envolta em um roupão felpudo, os cabelos ainda pingando, o rosto escondido entre os braços da amiga.
Nicole acariciava lentamente as costas da amiga, os olhos marejados de uma tristeza muda, como se o coração dela também sofresse rachaduras por empatia. Ao ver Natália, ergueu os olhos, suspirando:
— Ela chegou agora há pouco… tá assim desde que saiu do banheiro.
A ruiva ergueu o rosto. O olhar de ambas se arregalou.
— Meu Deus, o que aconteceu? — Natália cruzou a cozinha em dois passos e segurou o braço da amiga. — Você tá pálida. Irina, o que houve?
Irina ergueu o rosto devagar. Seus olhos estavam vermelhos, inchados. O rímel manchado traçava sombras escuras sob as pálpebras. E no fundo de tudo aquilo… havia um vazio cruel, o tipo de dor que