— Je t’aime… Clarice. — A voz de Paolo arranhou o ar, grave, quase certa, e mesmo assim faltava alguma coisa — uma fagulha, um sal, um nervo.
— De novo, Paolo. — Cruzei as pernas na cabeceira, o lençol como moldura. — Quando você disser que me ama, ponha vida nisso. Mais intensidade, mais fome. Vamos, homem.
Ele me fitou com um brilho de fúria contida. Sorri. O ódio dele não me ofende, me organiza. O gosto dele por mim é irrelevante, ele é pago para entregar aquilo que eu peço. Mesmo detestando, é em mim que deve concentrar cada gesto. E, enquanto ele tenta caber no papel, eu moldo a cena para alcançar o único objetivo que importa: reescre