O ponteiro do velocímetro quase tocava os cem, mas Evan nem percebia. O motor da BMW preta rugia alto enquanto cortava as avenidas da cidade como um predador à caça. A noite estava fria, o céu encoberto, e a chuva fina começava a marcar o para-brisa, espalhando reflexos amarelados das luzes dos postes pela estrada.
Por dentro, Evan sentia como se cada respiração fosse um soco no peito. O maxilar estava travado, a veia na têmpora pulsava forte, e os nós dos dedos ficavam brancos de tanto apertar o volante. Ele não piscava, não olhava para os lados, não ouvia o som do motor, o único som que ecoava na mente dele era o de Irina gritando o nome dele.
O silêncio dentro do carro era denso, sufocante. Até o ar parecia pesado demais para respirar.<