Evan Médici
O silêncio que tomou conta do apartamento assim que a tela ficou preta não foi um silêncio qualquer. Não era paz, não era alívio. Era um silêncio pesado, denso, cortante.
O tipo de silêncio que só existe quando algo dentro de você desaba… e te deixa despido, exposto, entregue ao próprio caos.
Por alguns segundos, longos, dilacerantes segundos, eu simplesmente permaneci imóvel, olhando para a tela escura como um maldito idiota. Como se, se eu encarasse o suficiente, ela pudesse acender de novo, trazer ela de volta, devolver pra mim a visão que, agora, parecia mais necessária que o próprio ar.
O copo de uísque tremia na minha mão. Os dedos apertavam o vidro com tanta força que, por um instante, achei que fosse estourar. E, sinceramente, que estourasse.
Joguei o copo no aparador, com tanta força que o som do vidro batendo no mármore ecoou, estridente, rasgando o silêncio como um tiro. Passei as mãos no rosto com força, depois nos cabelos, bagunçando tudo.
Estava desesperado,