O ponteiro dos minutos já havia ultrapassado o sete quando o táxi parou diante do restaurante. Irina olhou pela janela em silêncio. A fachada do L’Orangerie era um suspiro antigo no coração de Boston. Elegante sem ser pomposo, discreto sem ser simples. Havia algo de encantador na forma como a luz âmbar dos lustres internos escapava pelas janelas arqueadas, refletindo no chão de pedras irregulares da calçada molhada pela chuva recente.
Ela pagou a corrida com mãos frias.
Se pudesse, voltaria para casa naquele exato instante, mas não voltou.
Desceu com um suspiro contido e ajeitou o vestido com os dedos nervosos.
O tecido de cetim preto escorregava pelo corpo como se tivesse sido costurado diretamente sobre a pele. Alças finíssimas cruzavam nas costas nuas, e o decote suave revelava os ombros delicados e a clavícula saliente. Um laço de fita preta se fechava justo na cintura, dando ao vestido um ar de feminilidade perigosa, como uma flor negra prestes a se abrir no meio do caos. O batom