O motor do Porsche permanecia ligado, em marcha lenta, como um predador silencioso à espreita. O ronco grave ecoava baixo na rua estreita e arborizada do bairro nobre onde o edifício Rosewood se erguia imponente. Dentro do carro, Evan Médici encarava a fachada do prédio com a expressão tensa de quem já venceu guerras empresariais, mas agora se via derrotado por algo muito mais íntimo, o medo de perder alguém que nem sabia como manter.
Os olhos dele, claros e geralmente inabaláveis, estavam agora densos, inquietos, turvos como vidro sujo de chuva. Não era comum hesitar. Mas ali estava ele, parado, imerso em um conflito entre orgulho e desejo, entre controle e rendição.
O relógio no painel marcava 18h03. O céu carregava nuvens pesadas e o ar úmido parecia condensar tudo ao redor. Um trovão distante ribombou no céu como se a própria cidade o advertisse: “Ainda dá tempo. Ou nunca mais.”
Evan passou as mãos pelos cabelos loiros, pressionando as têmporas com força. O gesto era quase desesp