Eu achava que estava preparada...
Achava, de verdade, que nada mais podia me surpreender, não depois de tudo que vivi, de tudo que suportei, de todas as cicatrizes — visíveis ou não — que carrego na alma, mas eu estava enganada, o momento que os meus olhos cruzaram com aquele homem… meu corpo inteiro travou.
Don Alexander.
Meu peito pareceu ser esmagado por mil toneladas de concreto, senti minhas pernas ameaçarem fraquejar, minhas mãos tremiam descontroladamente, e uma pressão absurda se instalou no meu peito, ele estava ali, real, de carne, osso e muita crueldade, a máscara que cobria parte do seu rosto não era capaz de esconder quem ele era. Nem o que ele representava pra mim, o cheiro, o tom de voz, o olhar cortante, tudo nele me fazia regredir instantaneamente para aquele passado que eu estava enterrando...
Meus olhos marejaram, por um segundo, não vi mais o salão luxuoso, nem as luzes, nem a música clássica que ecoava no fundo, só ouvia minha própria respiração descompassada