O céu lá fora estava claro, com nuvens preguiçosas deslizando lentamente. O som dos pássaros era novo pra mim. Estranhamente novo. Como se o silêncio daquele quarto ainda ecoasse nos meus ouvidos e tentasse abafar qualquer som de liberdade.
Eu estava sentada na janela do quarto que agora era meu e de Briana. Um quarto de verdade. Com cortinas que dançavam com o vento, colchão macio e cheiro de lavanda. Quase parecia um sonho... Mas às vezes, eu acordava assustada, esperando ver de novo aquelas paredes sujas, ouvir os passos pesados se aproximando. Mas não. Agora havia sol, havia calor… havia vida.
Apesar disso, toda noite... é sempre igual, o vazio vem. E eu oro. Oro baixinho, de olhos fechados, pedindo pra Deus tirar esse sentimento de dentro de mim. Essa tristeza que chega sem avisar, mesmo quando eu tô sorrindo o dia inteiro. É como se minha alma ainda não tivesse voltado inteira.
Mas eu estou feliz. Eu juro que estou. Ver a Briana dando leves sorrisos, sem ao menos perceber.