Rubens Paiva Fico parado diante daquele monumento de mulher, uma verdadeira escultura viva, que continua me olhando, aguardando uma resposta. Ela está tão linda e perfeita naquele vestido floral que me perco completamente em meus pensamentos. Meu coração acelera, e sinto meu corpo enrijecer com sua presença. Tento disfarçar o encantamento, mas é impossível. Diante de mim está a única mulher que conseguiu mexer comigo no primeiro instante em que nos vimos.Ainda estou boquiaberto, quase babando como um idiota. Mas, então, ouço sirenes. Balanço a cabeça, tentando colocar minhas ideias no lugar e percebo onde estou. Para todos os efeitos, Isabel ainda é uma mulher comprometida — e jamais me olharia com outros olhos. Pelo menos, até descobrir quem é o lixo que lhe jurava amor eterno poucas horas atrás.Olho para minha anja, buscando palavras que, pela primeira vez na vida, me fogem. Nem mesmo diante dos tribunais estive tão nervoso como agora. Respiro fundo e tento responder à sua pergun
Brenda Ortiz Durante todo esse tempo na delegacia, meu único pensamento é sair o quanto antes daqui para correr até o hospital e ficar ao lado do Gregório. A falta de notícias me enlouquece. E, para piorar, preciso enfrentar todo o meu passado de uma só vez. A volta do Alessandro traz uma avalanche de recordações e, principalmente, me faz questionar como pude cometer tantos erros por ter me deixado levar pelo ódio que sentia por ele. Mas sei que tudo o que fiz também nasce do sentimento de impotência que me domina quando descubro que estou grávida, depois de ser violentada de forma tão brutal.Eu só tinha quinze anos, e tive minha infância e adolescência roubadas de uma maneira imoral. Eu o amava. Na minha inocência, acredito que ele seja o homem da minha vida. Aquele a quem eu entregaria minha pureza e todo o meu amor. Sonho com a minha primeira vez acontecendo depois do nosso casamento. Mas tudo não passa de um sonho, de uma ilusão. E quando conheço sua verdadeira face, já é tarde
BrendaUma semana depois...Hoje completa exatamente uma semana que estou trancafiada nesta cela, sem nenhuma expectativa de quando vou sair daqui e, menos ainda, qual será o meu destino.Rubens, junto com Celso, continua tentando encontrar uma brecha na legislação para que eu possa deixar este lugar ou, ao menos, conseguir uma prisão domiciliar.Confesso que meu maior desespero não é ser privada da liberdade, mas estar longe do Gregório neste momento tão difícil e delicado pelo qual ele está passando.Através de Rubens e Carlo, recebo notícias do meu amor. Sei que ele sobrevive à cirurgia — que foi bastante delicada. Agora está no quarto, recebendo todos os cuidados necessários para sua recuperação, mas não para de perguntar por mim um minuto sequer. Carlo repete que estou em casa e que, por motivos de segurança, não posso sair. Segundo ele, Gregório acredita nessa versão, mas eu sei que ele é muito desconfiado. Com certeza percebe que algo está errado. Eu jamais aceitaria ficar naqu
GregórioNo hospitalNão sei por quanto tempo fico desacordado, mas isso pouco importa agora. Tudo o que quero é ver a minha Brenda. Estou louco de saudades dela e não vejo a hora de nos casarmos e ficarmos juntos para sempre.Amo essa mulher demais. Ficar longe dela é como não estar vivo. Quando estamos separados, sinto como se uma parte de mim estivesse faltando. Perco o foco, não consigo pensar em mais nada além dela.Estou deitado em uma cama, recebendo medicação pela veia. Tento levantar a cabeça, mas tudo dói... braços, pernas, tórax. Parece que fui atropelado por um tanque de guerra ou que levei uma rajada de tiros, de tanta dor que sinto.Com muito esforço, consigo erguer um pouco a cabeça. Ao olhar para o lado, vejo meu pai dormindo numa poltrona. Observo-o por alguns instantes e volto a deitar. Uma avalanche de recordações invade minha mente, e entre elas, a gratidão. Sim... Apesar de tudo o que passo para chegar até aqui, sinto-me grato e um homem de sorte. Cresço cercado p
GregórioOlho para a porta e não acredito no que vejo... parada diante de mim está ela. A assassina. A psicopata. Carmen, sorridente e soberba como sempre. O que não consigo entender é como ainda está solta depois de confessar todas as suas monstruosidades. Será que a gravação falhou e ninguém conseguiu ouvir sua confissão? Ou talvez algo tenha acontecido com meu celular e ele não chegou às mãos do Rubens?Ainda absorto em meus pensamentos, observo atentamente seus passos na minha direção. Ela tenta se aproximar da cama onde estou sentado, mas seguro firme seu braço e a encaro com fúria.— O que faz aqui, Carmen? Você deveria estar atrás das grades de uma penitenciária de segurança máxima. Ordinária! Psicopata! — grito, apertando com força seu braço. Ela se solta rapidamente e se afasta.— Filho, por favor... acalme-se. Isso não faz bem à sua recuperação — diz meu pai, aproximando-se e afastando Carmen de mim.— É isso mesmo que você deseja para a mulher que foi sua esposa por tantos
"Sou apenas um pedaço de confusão e desespero."Gregório — No HospitalCarmem cospe seu veneno e sai tranquilamente, batendo a porta com força. Meu sangue ferve, e fico completamente fora de mim ao ouvir o que aquela desgraçada acaba de dizer. Minha vontade é sair correndo deste hospital, ir direto à delegacia e resgatar Brenda, custe o que custar.Exijo explicações do meu pai, mas, antes que ele diga qualquer coisa, a porta se abre e ouço a voz de Rubens. Olho em sua direção e disparo, completamente sem paciência:— Que porra é essa que a maldita da Carmem acaba de me contar toda satisfeita? Até quando vocês pretendem esconder de mim que a Brenda está presa? Respondam! — grito, alternando o olhar entre meu pai e Rubens.Tento me levantar da cama, mas a dor nas costas me impede de dar um passo sequer.— Calma, Gregório! Nervosismo agora não ajuda em absolutamente nada. Você ainda está em recuperação depois de tudo o que passou, meu amigo. Pode ficar tranquilo que eu vou te explicar tu
Brenda Ortiz - Na DelegaciaAs horas passam rapidamente e, com elas, meu tempo e minha esperança de sair dessa situação diminuem cada vez mais. Tenho exatamente seis dias para deixar esta delegacia, mas continuo na mesma condição, sem nenhuma expectativa de absolutamente nada.Muitas vezes, sinto o desespero se apossar do meu corpo e da minha mente, sem controle. A angústia e o medo de não conseguir sair daqui tentam, a todo custo, invadir meu coração. Seguro a foto da minha filha nas mãos e, a cada olhar, percebo o quanto preciso recuperar minha liberdade. Há muitos que precisam de mim e também sentem minha falta. Entre eles, minha filha... e o amor da minha vida.Lágrimas escorrem sem controle pelo meu rosto, e a dor profunda da solidão me sufoca ao lembrar do Gregório.— Ai, meu amor... Como sinto sua falta. Como eu desejaria que tudo isso não passasse de um pesadelo e que, a qualquer momento, eu pudesse despertar e notar que estou em teus braços novamente — murmuro, chorando.Não
Brenda Ortiz - No Hospital A enfermeira termina o atendimento e se afasta para cuidar de outros pacientes. Sei que meu tempo neste hospital é mínimo. Provavelmente, em poucas horas, estarei de volta à prisão. Mas eu não posso voltar... Não posso. Preciso encontrar uma forma de fugir. Antes, jamais cogitaria essa possibilidade, mas agora não se trata apenas de mim — é sobre o meu filho. E eu nunca permitirei que meu anjinho, fruto do amor entre Gregório e eu, nasça dentro de uma cela... Eu não vou deixar.Olho para o lado e vejo que a enfermeira está de costas. A porta permanece fechada, e então começo a gritar por socorro.— Ai... Ai... Ai... Que dor! Por favor, alguém me ajuda! — grito, desesperada.A enfermeira se aproxima rapidamente. Em seguida, a porta se abre, e um dos policiais entra para averiguar o que está acontecendo.— O que houve? — pergunta a enfermeira.— Estou com muita dor nas costas e na cabeça. Está insuportável. Me ajuda, por favor... Eu não sei o que fazer — digo