119. Verdades que Sangram
Rubens Paiva
Fico parado diante daquele monumento de mulher, uma verdadeira escultura viva, que continua me olhando, aguardando uma resposta. Ela está tão linda e perfeita naquele vestido floral que me perco completamente em meus pensamentos. Meu coração acelera, e sinto meu corpo enrijecer com sua presença. Tento disfarçar o encantamento, mas é impossível. Diante de mim está a única mulher que conseguiu mexer comigo no primeiro instante em que nos vimos.
Ainda estou boquiaberto, quase babando como um idiota. Mas, então, ouço sirenes. Balanço a cabeça, tentando colocar minhas ideias no lugar e percebo onde estou. Para todos os efeitos, Isabel ainda é uma mulher comprometida — e jamais me olharia com outros olhos. Pelo menos, até descobrir quem é o lixo que lhe jurava amor eterno poucas horas atrás.
Olho para minha anja, buscando palavras que, pela primeira vez na vida, me fogem. Nem mesmo diante dos tribunais estive tão nervoso como agora. Respiro fundo e tento responder à sua pergun