Francine permanecia imóvel diante do espelho, os olhos marejados, enquanto o cabeleireiro tentava, sem sucesso, desgrudar o chiclete que se misturara aos fios de seu cabelo.
Cada puxada parecia mais dolorosa que a anterior, não pela dor física, mas pelo nó de frustração que se formava em sua garganta.
– Mademoiselle… não há o que fazer. Vai ser preciso cortar. – disse o profissional, afastando as mãos, resignado.
Francine engoliu em seco, respirou fundo e, tremendo, pegou o celular na bolsa. Procurou o nome de Olivier e pressionou o botão de chamada.
Ele atendeu após o segundo toque, com a voz firme e atenciosa.
– Francine? Está tudo bem?
Ela hesitou um instante antes de responder:
– Não exatamente. Aconteceu… um acidente no desfile. Um chiclete grudou no meu cabelo e o cabeleireiro acha que vou ter que cortar. Eu não sei o que fazer, estou desesperada.
Do outro lado da linha, o agente não pareceu perder o controle.
– Ouça, não entre em pânico. Isso acontece mais do que você imagina