O banho quente fez pouco para relaxar Dorian.
Mas bastou para restaurar a fachada — o olhar frio, o andar preciso, o terno impecável mesmo dentro da própria casa.
Na sala de jantar, tudo seguia seu ritual: mesa posta, luz baixa, louça em silêncio.
Os funcionários mantinham o mesmo padrão de distanciamento que ele sempre exigiu.
Ele sentou-se sozinho, como sempre.
Não perguntou nada. Não agradeceu.
Apenas levantou o guardanapo com um movimento mecânico e começou a refeição como se estivesse num piloto automático de luxo.
A conversa com Cássio tinha surtido efeito.
As horas de trabalho intenso, reuniões e relatórios tinham funcionado como anestesia.
E agora ele se sentia de volta ao controle.
Mas era só aparência.
Porque, entre um gole de vinho e outro, Dorian voltava à busca silenciosa: a mulher do baile.
Enquanto mastigava, imaginava formas de refazer o caminho.
Quais rostos passaram por ele? Quais vozes? Qual gesto poderia ter denunciado algo?
Cada vez que u