A chuva lavava o para-brisa do carro com força, mas Beatriz não via nada além do próprio reflexo no vidro.
O rosto pálido, o batom borrado, os olhos avermelhados — como se a mulher ali fosse apenas o rascunho de quem um dia ela foi.
O volante tremia em suas mãos.
Ela respirava rápido, quase sem perceber.
“Ele a escolheu”, ecoava dentro dela, como uma sentença.
Ricardo, o homem que ela acreditava dominar por completo, havia olhado para outra com o tipo de amor que não se disfarça.
E o pior — agora existia uma criança.
Uma vida que unia o que ela tentou destruir.
A cada quilômetro percorrido, o coração de Beatriz oscilava entre raiva e dor.
Mas, no fundo, o que mais doía era o silêncio.
Ricardo não a odiava.
Ele apenas... não a amava.
E isso, para Beatriz, era o mesmo que morrer.
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Parou o carro no acostamento, desligou o motor e encostou a cabeça no volante.
O som da chuva era o único ruído.
“Como tudo chegou a esse ponto?”, pensou, fechando os olhos.
Ela lembrou do início — das prom