A madrugada caiu pesada sobre o chalé. Do lado de fora, o vento passava entre as árvores como um aviso antigo, e a lua, escondida entre nuvens, parecia espiar o que estava prestes a acontecer.
Camila dormia mal há dias. A gravidez avançava com peso e ansiedade, e cada movimento do bebê trazia uma mistura de dor e ternura. Mas naquela noite, algo mudou.
Um espasmo atravessou o corpo dela, profundo e instintivo. Acordou ofegante, levando a mão ao ventre.
— Não… ainda não… — murmurou, tentando se levantar.
Outro aperto veio, mais forte. Ela respirou fundo, lutando contra o pânico. O quarto parecia girar, e a lembrança de Ricardo dormindo no quarto ao lado lhe deu forças.
— Ricardo… — chamou, com a voz fraca. — Ricardo!
Em segundos, ele surgiu à porta, o rosto tenso, o olhar confuso de quem acorda de um sonho e cai direto no medo.
— O que foi? — perguntou, aproximando-se.
Camila segurou a mão dele com força. — Acho que está chegando a hora.
Por um instante, o tempo parou. Ele olh