As semanas pareciam derreter em meses, mas para Ricardo o tempo continuava parado.
O relógio da sala marcava a mesma hora de quando Camila partira — ele não teve coragem de ajustá-lo.
Parecia, de modo inconsciente, tentar prender o instante em que ela ainda estava ali, respirando o mesmo ar que ele.
A mansão, outrora símbolo de sucesso, transformara-se em um mausoléu.
Os corredores reverberavam com ecos do passado, e cada detalhe guardava o peso de uma lembrança.
Ricardo tentara reconstruir a vida.
Fazia terapia, retornara ao trabalho com mais foco, mas nada preenchia o espaço deixado por Camila.
O amor dela tornara-se uma espécie de bússola silenciosa — e cada passo longe dela o fazia se perder um pouco mais.
Certa manhã, enquanto tomava café, recebeu uma ligação do advogado da família.
A voz do outro lado soou cautelosa.
— Senhor Ricardo, talvez seja melhor vir ao escritório. Surgiram alguns documentos… antigos.
— Que tipo de documentos? — perguntou, franzindo a testa.
—