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O segredo b**e à porta!

Julia Davenport

De cabeça baixa, segui Dean para fora do quarto. Depois que papai saiu, nos deixando com um silêncio, e uma decisão, não tive outra alternativa que não a de arrumar minha mala, jogando as roupas de qualquer jeito. Estava doendo, muito, e ainda assim, sabia que aquela era a decisão certa.

Ou tentei me convencer disso.

Meu pai sentado em sua habitual poltrona marrom, a mesma em que me sentei a seus pés e o escutei contar uma infinidade de histórias de fantasmas a cada tempestade, de repente pareceram quase inexistentes. Ele havia mudado tanto depois que minha mãe nos deixou... ele se transformou quando ela se tornara uma mulher doente, droga.

Receosa, andei em direção a ele, percebendo o rosto começando a inchar pelos hematomas dos socos, mas o habitual conhaque estava preso entre seus dedos que giravam o copo, como se o liquido escuro fosse mais fácil de olhar do que eu. Isso estava me matando por dentro.

— Papai, eu... — Tentei toca-lo, mas o estampido do copo sendo arremessado com violência sujou o meu rosto da bebida quente.

— Saia, porra. Saia!

— Vamos, Julia. — Dean disse, logo atrás do meu pai, ainda que afastado o bastante para não ser uma ameaça. — Não há mais nada o que fazer aqui.

Encarei a mão estendida para mim. Não era assim que ele deveria me tirar de casa. Não com meu pai nos odiando, e isso doía mais do que eu podia mensurar. Droga, isso era como estar sangrando por dentro.

Meu estomago se retorceu quando percebi a decepção no olhar do meu pai ao me encarar segurar na mão do homem a minha espera. — Adeus, papai. — Murmurei, sentindo o nó se instalar na minha garganta, quase a beira de rompe-la.

Será que essa sensação algum dia vai passar?

Usei as costas das mãos para limpar as lagrimas, mas elas não paravam de cair pelo meu rosto. Do lado de fora, Dean as enxugou. A forma como me olhou, como conseguia ver o que se passava dentro de mim, me deu a certeza de que tomei a decisão certa.

— O que papai quis dizer com aquilo sobre mim e a mamãe sermos iguais?

As pupilas se dilataram, como se aquele assunto fosse delicado demais para os meus ouvidos. Mas eu não era de porcelana, e podia aguentar qualquer coisa.

— Então o bastardo não contou...

Meu corpo se arrepiou da cabeça aos pés quando meu pai riu.

—  Não o escute, Julia. Vamos...

— Isso, vá com ele. Quebre a sua cara e volte correndo para o seu papai.

— Confie em mim. — Dean praticamente suplicou.

 E segurei a mão dele, como se esfregasse na cara de qualquer um a quem eu realmente queria pertencer. Não por ter o mesmo sangue, mas porque eu escolhi!

Papai estava com ódio, e isso me assustava, mas eu ainda segui Dean, tendo a certeza de que ficaríamos juntos, e que ele entenderia em algum momento. Ao ter netos, talvez. Talvez um dia ele mude, quem sabe...

Dean me prendeu com o cinto de segurança, e esperei até que desse a volta no carro, encarando meu pai durante segundos intermináveis. Nossos olhares se cruzando, e eles me dizendo que não haveria mais volta, e que esse foi o maior erro que já cometi em toda a minha vida.

Mas eu fui burra demais, e não quis acreditar nele. No que dizia, ou em como andou atrás do carro, gritando algo que Dean não me deixou ouvir, aumentando o volume da música calma que tocava no interior da caminhonete.

Tremula a seu lado, o encarei, a mandíbula cerrada, os olhos irritados fixos na estrada. — Vai ficar tudo bem, Jujuba. — Encarei nossa mão unida, como a dele era tão grande em comparação comigo, mas também, no sangue seco do meu pai em seu punho. Isso me fez desviar o olhar.

Sempre seria uma lembrança ruim.

— Sinto muito que tenha acontecido desse jeito. Não foi como imaginei te dar uma noite inesquecível. — Dean fez uma curva, nos levando até sua casa. Ele parecia igualmente frustrado, claro. — Te ver chorando assim está me matando.

— Não é culpa sua. — Funguei, ainda sentindo que parte do meu coração ficou para trás. Ainda que meu pai não me amasse mais. Ainda que ele me batesse, o homem ainda era meu pai, afinal, e isso nunca iria mudar. — Devia ter previsto que era uma armadilha. Papai jamais teria me deixado em casa sozinha. Eu fui tão burra.

— Porra, você não é burra, cacete. Nunca mais diga isso! Eu sou o adulto aqui. Eu deveria ter te levado para a minha... nossa casa, desde o começo. Não me esconder como um moleque.

Dean estacionou, e esperei que me ajudasse a descer da monstruosidade alta que era o carro em que estávamos.

Nossos olhos se encontraram, e apesar da segunda pior noite da minha vida, estava feliz de verdade, pela primeira vez na vida depois de muito tempo. Ao menos agora eu o tinha.

Dez minutos depois, estávamos em casa, e eu havia finalmente conseguido parar de chorar, ainda que tivesse certeza de que meu rosto estava completamente vermelho e inchado.

— Vou tomar um banho. Você vai ficar bem?

— Sim... — Disse, insegura.

Mas, enquanto Dean estava no quarto, a campainha tocou. Não queria falar com ninguém. Ver ninguém, mas alguém parecia ter assuntos urgentes com meu namorado.

—  Atende a porta? — Dean gritou, lá de cima.

Sem escolha, tentei esconder os vestígios do meu caos antes de escancarar a porta. O que eu esperava do outro lado passou bem longe do que vi, porque a ruiva sorridente deixou seus dentes brancos serem escondidos por lábios grossos e vermelhos a medida em que sua felicidade morria.

Eu morria...

— Quem é você? —  Questionou, irritada.

— Julia Davenport. A namorada do Dean!

Os olhos da ruiva brilharam em uma fúria mal contida, mas foi quando deslizou a mão pela barriga redonda, que senti meu mundo inteiro se contorcer.

— Não, você não é! E sabe como eu sei disso? Porque eu sou a namorada dele!

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