O tempo parecia suspenso no limiar entre dois mundos. Desde a partida de Arthur, e a revelação do quarto portador, os ventos haviam mudado. Miguel sentia na pele a respiração do véu. Era como se o mundo real e o outro lado estivessem prestes a colidir.
O grupo havia deixado a cidade esquecida e agora caminhava por um bosque que antes era só uma mancha verde no mapa, mas agora ganhava contornos surreais. As árvores sussurravam em vozes antigas, folhas que não pertenciam à estação caíam em um balé irregular, e as sombras não obedeciam à luz.
— Tem certeza que ele está aqui? — perguntou Mateo, atento a cada passo.
Miguel assentiu. — O véu me mostrou. Disse que ele era o único a ouvir o ciclo das estações... o único que sonhava com o tempo dançando.
— Que droga isso significa? — murmurou Valéria, puxando sua adaga.
Léo, sempre o mais calado, olhava para as árvores. — Significa que estamos chegando perto.
Caminharam até uma clareira onde o ar mudava. Era outono num canto, inverno no o