Eles se entreolharam e como dois babacas, gargalharam às minhas custas.
— Muito engraçado — bufei sem achar graça.
— Preciso te avaliar, David comentou que sua febre, embora ele não mediu, estava muito alta — disse ao posicionar sua maleta na mesa de cabeceira.
— David, é apenas um resfriado, não precisava incomodar seu amigo.
— Não é incômodo, Aurora. — Sentou-se na beirada — Nem sempre é só um resfriado.
— Amor… — Cerrei os olhos. — Pare de ser teimosa e permita que o Danny a examine.
— Tá certo.
Eles sorriram e a campainha voltou a tocar.
— A casa está bem movimentada hoje. Quem será?
— Seu almoço. — David me inteirou que estava no comando. — Só um instante.
À medida que o médico bonit&a
Brasil, São Paulo.Alguns dias depois…— David, querido — Maria me saudou quando pisei exausto no meu apartamento. — Feliz em vê-lo, não imaginei que seria tão cedo.— Sinceramente, nem eu, Maria.— Onde desembarco as malas, sr. Queen? — John inqueriu em inglês, assim que cruzou a porta.— No andar de cima, por favor, John.— Quem é esse? — Maria quis saber com uma expressão duvidosa.— Meu motorista e segurança da Califórnia, ele desembarcou comigo e fará somente minha segurança aqui, pois não conhece muito São Paulo. Prepare um quarto para ele.Ela me olhou chocada.— Perto do meu? Crispei os lábios.— Qual o problema, Maria?— Nenhum. — Deu de ombros, mas permaneceu esquisita. — Co
O rosto ergueu-se fraco, como se fizesse muito esforço para encarar um outro tenso, fechado, incisivo demais. Não pude evitar, Eduarda causou na minha vida um bolor irreversível, sua negativa assim que Nicholas nos flagrou no ato torpe, foi no mínimo filha da puta. A desgraçada se esquivou de qualquer responsabilidade e jogou aos meus pés toda a culpa. Não que não fosse, podia ter evitado, ele era o meu irmão.— David — a voz quase não saiu —, o que faz aqui?— Precisamos conversar, tem um minuto?— Quê? — Rondou o local, procurando algo ou alguém. — Sem segurança ou advogados? Perdeu o medo da garota perigosa do interior?Inspirei com o pouco de paciência que ainda me restava.— Sem ironias…— Eu, irônica? — Seu corpo subiu num rompante. — A penúltima vez que no
— Melhorou?Enquanto colocava os bofes para fora, debruçada sobre o vaso sanitário, Melissa segurava o meu cabelo como uma boa companheira de vômito. Puta merda, trabalhar em meio a gordura não estava me fazendo nada bem, o cheiro de hambúrguer, batata-frita e bacon, não eram bem- vindos como antes. Fora que a cara de bicho-papão do meu chefe evidenciando o quanto me odiava e só estava esperando eu cometer um deslize qualquer para um: rua srta. Baker, soar de sua boca recoberta de um bigodinho irritante.Sim, eu sou teimosa e não repousei como o doutor Danny receitou, fui à luta e trabalhei como uma escrava universitária. Megan detalhou com empolgação a noite de swing com o Nicholas, o que agravou um pouco mais meu estômago. Obviamente que não cobrei nada dela, nem podia, a intenção era curtir a noite e o diabinho ofereceu a brasa do inferno a elas
— Para o mundo você é minha noiva, isso significa que tem muito maluco por aí. Além de o Ni…— Nicholas? Esse sim é um perigo?A distância não eliminou o quanto seu irmão alterava seu sistema.— Sim — respondeu quando o silêncio passou a incomodar. — Ele não me perdoa, infelizmente não confio nele.Nem eu. Mas ainda assim, não o considerava um psicopata.— Exagero seu. Seu irmão atentaria contra minha vida? Diga, assim peço proteção policial.— Não é isso…— Então o perigo é outro, tem certeza de que não faltou nem um detalhe do passado esquecido na nossa conversa? Uma aproximação do Nicholas revelaria outros pontos?Não tive a intenção de ser rude, porém, David quebrou a confian&cced
— Desculpa Aurora, mas seu cunhado é gostoso pra caralho, como ia resistir? — Megan se justificou pela milésima vez.Revirei os olhos e alcancei a mesa destinada ao pedido da bandeja.Depositei ali os hambúrgueres, fritas e copos com refrigerante.Hum, meu estômago embrulhou, voltei para o balcão.— Meg, vamos esquecer aquele dia — sugeri.— Não consigo. — Suspirou, debruçando desapontada sobre a bancada. — O safado nem me ligou. Será que ainda tenho chances?Não, gata, ele só te usou.— Não sei. — Encerrei o assunto, não suportava mais ela mencionar de cinco em cinco minutos o nome daquele cara. Larguei a bandeja ao lado, ar, era o meu desejo. — Me cobre, preciso de dez minutos.— Só se você conseguir o número dele? — Quê? Nunca! — É pegar ou largar?— Não, querida, Nicholas e eu não compartilhamos do mesmo espaço, desculpe.— Poxa, Aurora, ele é irmão do seu namorado ricão.Tentava esquecer aquele laço familiar todo o tempo, mas estava difícil.— Dez minutos. — Corri rumo a saída de
Era a quinta dose da noite.A conversa com a Aurora alterou o meu sistema, eu precisava desesperadamente dela. Constatei o quanto estava fodido no momento em que provei do seu beijo, do seu gosto, do seu corpo. A voz magoada que soou em meus ouvidos transmitiu sua decepção, e isso me quebrava em tantos pedaços, que não desejava a sobriedade, não naquela noite.Certo de que permitir seu espaço a faria refletir em nós, afastei a segurança por dois dias. Como poderia confiar no universo diante de tanta merda despejada sobre a minha cabeça nos últimos tempos? Iam voltar, discretos e distantes. Ok, era um filho da puta controlador, porém, essa falta de controle sob minhas ações vinha dessa paixão desenfreada que nutria por ela.A Aurora modificou meu mundo, deixando-me refém do seu amor.Virei outra dose ao reconhecer o tamanho do sentimento que movia minha vida. Caralho, movia minha vida. Embora possuísse tudo que um homem podia desejar — dinheiro e poder —, sem ela nada fazia sentido.Ou
Um toque, outro e mais um.Vibrava o celular junto ao meu peito. Não pretendia falar com ninguém, muito menos com ele, era insuportável respirar. As lágrimas rolavam sem intervalo, esse era o motivo dos soluços ecoarem como trovões no apartamento, gritei algumas vezes enquanto lia pela milésima vez o exame, aquele que tinha um positivo, incompreensível, rabiscado como um… sei lá.O dom de raciocinar, não mais me pertencia. MEU. DEUS!Estava grávida.GRÁVIDA!Quando isso aconteceu?Quando permiti que isso acontecesse no meio de um caos? Descartei o celular no mármore da pia e liguei chuveiro.— Nãooooooooooooooooooooooooo — gritei, chocando a voz contra o vapor que nublava o espaço, enquanto a água quente jorrava acima da minha cabeça. Depois com falta de estabilidad
— Quê? — O impacto modificou minha posição. — O que ela faz aqui?— Quer falar com você, parece bem sério. Joguei os braços sobre a cabeça.— Será que ela sabe? — Esmurrei o travesseiro. — Nicholas, com certeza contou. Inferno!— Ele não perderia essa oportunidade. — Dois passos e ela segurou meus ombros. — Acho que chegou a hora de você enfrentar essa família, Aurora.Esmoreci.Ela é louca?— Logo hoje? Não podia ser no ano que vem? Estou destruída, Melissa.— As consequências não marcam hora. — Ela abriu passagem.Fitei abismada o turbilhão azul que eram os olhos de Mel, não era tão fácil assim encará-los quando se precisava manter a compostura. Eram os pais de David, fatalmente a mãe dele, tinha que t