Aceno para o porteiro e ele destrava a tranca, o portão se abre, ouço cada pisada aproximando e quando sinto seu perfume vadiar meu espaço, viro para ele. Seu corpo, um degrau abaixo, permite que nossos narizes se alinhem, nossa respiração se choque e nosso contato visual invada profundamente.
— Por que demorou tanto? — balbucio sem controlar o choro. — Por que demorou tanto? — Ele ampara meu rosto e seu polegar tenta abrandar as gotas tristes, felizes, reais. — Por que não ligou uma única vez?
— Meus punhos se fecham e socam seu tórax. — Seis meses, Nicholas. Seis malditos meses, porra! — Esmurro forte, uma, duas, diversas vezes até perder a força e deixar minha testa colar na dele. Seus olhos se fecham, percebo uma lágrima escorrer na pele clara, então fecho os meus. Quietos, lábios se tocando, coração disparado.