Quando tínhamos dezesseis anos, a tia Selene teve que partir para a matilha Lunação para fazer tratamento contra o câncer, pedi para a Ayla falar com a nossa mãe para a Kathryn ficar conosco, não conseguia parar de pensar em como ela estava se sentindo triste e desamparada com toda essa situação, não queria que ela ficasse sozinha na casa dela.
Minha mãe pediu para tia Selene deixá-la conosco durante o tratamento, que ela estaria bem alimentada e ela dormiria no quarto da Ayla para ela não ficar se sentindo sozinha. Tia Selene concordou e trouxe a Kathryn para a casa da matilha antes de partir.
Nunca vou esquecer a dor nos olhos da Kathryn quando ela viu o carro de seus pais partindo, era uma angústia palpável, queria abraçá-la com força e tirar toda a dor dela. Ela ficou pouco mais de uma semana em nossa casa, consegui me aproximar dela aos poucos. Sempre chamava a Ayla e ela para estudarmos juntos na biblioteca e sentava o mais próximo que podia dela. Sentia como se eu estivesse no topo do mundo quando estava tão próximo dela, o cheiro delicioso dela deixando meu lobo embriagado e em êxtase, são sensações que eu também acabo sentindo.
Teve uma noite em particular que notei que a Kathryn estava muito aflita, ela saiu da casa da matilha e se deitou no gramado da entrada da casa, colocou os fones de ouvido e ficou olhando para o céu, fiquei olhando ela da janela da sala, quando vi que meu irmão Lucian saiu da casa com um copo de whisky na mão e foi em direção a ela, sai correndo de onde eu estava.
Lucian consegue ser mais babaca que a Ashina quando se trata de ômegas, e com uma expressão de poucos amigos Lucian gritou com ela: “Você é alguma mendiga para estar deitada na porta da minha casa, se levante agora e suma da minha frente”. Katryn levantou rapidamente e quando ia sair segurei em sua mão e disse: “Venha, vamos aos jardins laterais da casa, lá podemos escutar música”.
Lucian me olhou com desprezo, como se eu tivesse desafiado a babaquice que ele tinha acabado de fazer. Puxei um cobertor que eu tinha deixado na janela, caminhamos até o jardim lateral da casa, estiquei o cobertor no gramado atrás dos arbustos do jardim, ela estava muda e assustada, calmamente falei: “Pode deitar aqui, ninguém vai te incomodar”.
Assim que ela se deitou, rapidamente me deitei ao lado dela, pegando um de seus fones, imediatamente colocando em meu ouvido e puxando assunto com ela: “O que você está escutando?”. Ela ficou com o rosto virado para mim, me encarando por um tempo e perguntou: “Você gosta de rock? Minha mãe sempre escuta rock e eu gosto bastante, agora estou escutando Avril Lavigne, mas escuto outras bandas também, gosto muito do Simple Plan, do Nirvana, Green Day, adoro Linkin Park, nossa, tem tantas bandas que eu e minha mãe curtimos que eu ficaria por horas te falando”.
Eu estava em êxtase ouvindo minha garota falar, queria tanto passar meu braço embaixo do seu pescoço e fazê-la descansar a cabeça no meu peito, bem pertinho de mim, queria ficar passando a mão em seus longos cabelos negros, queria fazer cafuné em sua cabeça e claro que queria beijar a boca perfeita dela, mas não tinha coragem de tentar nada dessas coisas e o fato de estarmos só nós dois deitados compartilhando aquele cobertor, ouvindo música e olhando as estrelas era mais que suficiente para mim, nessa época eu já estava apaixonado por ela a dois anos, para mim que mal conseguia falar com ela nesses dois anos, dividir o fone era o auge.
Percebi quando olhava para ela naquela noite que algo estava deixando ela incomodada, não aguentei e perguntei: “Kathryn você está bem?”. Ela não me olhou e continuou com o olhar fixo no céu quando me respondeu: “Sinto no fundo do meu coração que minha mãe não está bem, estou com muito medo, não sei viver sem ela, não dá para viver sem ela”. As lágrimas escaparam dos cantos dos olhos dela e ela não disse mais nada, simplesmente fechou os olhos e ficamos ali por mais uma hora em silêncio, apenas ouvindo suas músicas. Depois disso, ela simplesmente se levantou e caminhou até a casa em silêncio e foi para o quarto da Ayla.
Tinha passado apenas uma semana que estávamos morando na mesma casa, íamos e voltávamos juntos da escola, almoçávamos e jantávamos juntos, eu estava tão bem por ter a Kathryn por perto, mas claro que a Ashina tinha que estragar tudo, Ayla viu a Ashina humilhando a Kathryn como se ela fosse um rato, Ayla tentou defendê-la, mas a Kathryn no mesmo dia falou para minha mãe que ela queria voltar para a casa dela e que sentia falta das suas coisas, parte disso era verdade, mas sabia que o maior motivo para ela querer ir embora foram os insultos que ela ouvia da Ashina.
Lyall tranquilizou minha mãe dizendo que a Kathryn se virava bem sozinha e que era para ela ficar tranquila, na mesma hora, ofereci leva-la para sua casa com meu carro e Lyall aceitou, claro que ele foi junto. Assim que chegamos, Kathryn me agradeceu e entrou em sua casa. Lyall não conseguiu esconder seu rosto preocupado, e perguntei para ele: “Lyall, ela vai ficar bem mesmo sozinha aqui?”. Ele disse: “Sim, mas você poderia me levar até o mercado, vou comprar comida para ela, depois eu dou um jeito de pegar um táxi para voltar”. Fiquei feliz em poder finalmente ajudar em alguma coisa e prontamente respondi: “Lyaal vamos, eu te ajudo a fazer as compras, deixamos aqui na casa e te levo de volta para a casa da matilha”. Lyall aliviado, me agradeceu e partimos para o mercado.
Voltamos com as compras, ajudei a descarregar e levar para dentro da casa, foi a primeira vez que entrei na casa da Kathryn, a casa era realmente encantadora e muito bem decorada, a sala de estar tinha uma lareira grande com a televisão fixada nela, um sofá cinza grande, era conceito aberto, olhando de frente víamos a ilha e a cozinha, atrás da cozinha portas francesas que levavam ao quintal e a direita uma escada que levava ao segundo piso.Guardamos as compramos nos armários e na geladeira, consegui conhecer os gostos dela enquanto comprávamos os mantimentos.Olhei ao redor, mas a Katryn não estava em lugar nenhum, assim que acomodamos todas as compras, Lyall me chamou: “Venha conhecer o segundo andar”. Subi atrás dele e ele foi me explicando: “Aquele primeiro quarto é o meu, mas já quase não fico aqui, esse de frente as escadas são dos meus pais”, ele seguiu pelo corredor e disse “Esse é o quarto daquela coisinha chata” se referindo a Kathryn, ele abriu a porta, mas ela não estava
Depois de algumas semanas a tia Selene faleceu, minha família toda foi ao funeral, quando vi o estado da Kathryn não consegui conter as lagrimas, ela estava pálida, com o rosto encharcado de lagrimas olhando para o caixão de sua mãe sem emitir nenhum som, seu olhar estava tão perdido como se tivessem roubado sua alma, não consegui suportar ver o sofrimento dela, a abracei tão profundamente, afundando a cabeça dela no meu peito, passei o outro braço segurando toda a extensão de suas costas com força e disse: “Kathryn, eu sinto muito, eu sinto muito mesmo”.Ela levantou a cabeça do meu peito, me olhou com tanta dor em meio a lágrimas e me disse: “Tudo que me restou da minha mãe agora são nossas lembranças, nós tínhamos tantos planos e muitas coisas que combinamos de fazer e agora acabou, eu nunca mais vou ouvir a voz dela, nunca mais vou ouvir sua risada, nunca mais vou compartilhar meus dias com ela, nós nunca mais vamos cantar juntas e conversar sobre nossas músicas favoritas, acabou,
Assim que saí da escola naquele dia, fui até a loja, revelei todas as fotos que tiramos juntos, duplicadas, sendo uma cópia para mim e outra para a Katrhryn.No outro dia, cheguei mais cedo na escola e fiquei esperando por ela no portão de entrada, assim que ela chegou, a puxei para o canto ao lado do portão e entreguei o envelope com as fotos que tinha revelado e sem a menor vergonha na cara, falei:“Coloca pelo menos uma foto de nós dois juntos no mural do seu quarto, tá bom?”.A Kathryn me olhou sem entender e com cara de espanto, disse: “Como você sabe do mural de fotos do meu quarto?”.Dei um sorriso largo para ela e respondi: “Esqueceu que fui até sua casa com seu irmão levar os mantimentos para você? Fui com seu irmão até seu quarto para te procurar, você não estava lá, mas vi seu mural de fotos e você não tinha nenhuma foto comigo, achei injusto da sua parte, então resolvi te dar nossas fotos, se até minha irmã pode estar no seu mural, porque eu não estaria nele”.Ela assentiu
Na manhã seguinte a Ayla me acordou bem cedo, e disse que passaríamos na padaria antes de irmos à escola, ela ia comprar uma caixa com seis cup cakes de chocolate, coberto com chantilly e morangos, ela disse que eram os preferidos da Katrhryn, coloquei a caixa com a pulseira dentro da minha mochila e fomos até a padaria, pegamos os cup cakes e seguimos para a escola.Na hora do intervalo, como de costume, Chand e Kathryn sentaram no canto deles na arquibancada, tirei a pulseira da caixa, devolvi a caixa vazia na mochila e fiquei com a pulseira na mão, sabia que a Kathryn não aceitaria um presente, mas o jeito que eu entregaria ela não ia recusar.Aguardei a Ayla chegar no ginásio junto com o Natsuki, assim que eles apareceram, fomos até a arquibancada nos juntar ao Chand e a Kathryn.A Ayla nem deixou a Kathryn abrir a boca, e já foi falando: “Não estamos comemorando nada, só vim aqui dividir essa caixa de cup cakes com vocês”.Assim que a Ayla terminou de falar, me aproximei, peguei
* POV da Kathryn *Após conversar com o Chand e perceber que eu estava pensando demais sobre o abraço caloroso do Luan, decidi não pensar mais sobre isso e focar nos meus estudos.Conforme os dias passavam, o Luan fazia questão de ficar perto, nem nosso cantinho dos excluídos era mais dos excluídos, quando percebemos éramos cinco pessoas em uma rodinha ao lado do muro.Ayla, Luan e Natsuki passaram a sentar conosco nos intervalos.O Chand que só ficava ali para ver os meninos sem camisa, três dias sem o jogo de basquete foi suficiente para ele não aguentar e sussurrou no meu ouvido: “Jesus deve estar achando que sou Jó para testar tanto a minha paciência, bichaaa eles precisam tirar essas camisas para que eu tenha força de vontade para estudar, sério, estou com sintomas de abstinência, olha chego a estar toda tremula, tenho que dar um jeito!”Eu caí na risada, Luan, Ayla e Natsuki sem entender nada, quando o próprio Chand argumentou com os garotos: “Luan e Natsuki vocês não sentem fal
Estávamos tão ansiosos para saber se algumas das oito chaves funcionariam que acordamos uma hora mais cedo para tentarmos abrir o depósito.Às seis e meia da manhã estávamos entrando na universidade, se alguém nos visse pensaria que realmente fazíamos parte da equipe de limpeza dos prédios. Subimos em silêncio para ninguém nos ver.Passei a primeira chave para o Chand, entrou, mas não virou o miolo da fechadura, a segunda chave nem entrou na fechadura, a terceira chave ficou emperrada no meio e tivemos que puxar com força para arrancar, quarta chave entrou, mas novamente não virou o miolo da fechadura, ele coloca a quinta chave, o miolo girou e destrancou a porta.Chand tirou um chaveiro do Hulk do bolso e pendurou a chave, jogando todas as outras chaves inúteis no bolso da frente da mochila.Abrimos a porta devagar, ele tirou uma lanterna da mochila e procurou um interruptor de luz na parede que encontrou perto da porta.O depósito tinha uns trinta metros quadrados, sendo ele utiliza
Entramos todos juntos na recepção da diretoria, Ayla educadamente pede para falar com o diretor, a secretária imediatamente anunciou pelo telefone quem estava na recepção aguardando uma reunião para falar com o diretor, nem fiquei impressionada, os Moonroe conseguiriam a assinatura do diretor sem nem precisar argumentar.Em menos de dois minutos fomos recebidos pelo diretor com um largo sorriso e muito entusiasmo.Nós cinco entramos na sala, ficamos todos em pé lado a lado, mas só o Luan falou: “Diretor Randall, bom dia! Trouxe uma solicitação de inscrição para nosso novo clube, precisamos da sua assinatura e autorização para iniciar nossas atividades com urgência”.O diretor olhou para cada um de nós e disse: “Sr. Moonroe, infelizmente não temos mais nenhuma sala disponível para novos clubes, tenho certeza que podemos arrumar vaga para você em um clube já cadastrado”.O Luan já tinha antecipado que o diretor falaria algo assim e respondeu de forma enfática: “Diretor Randall, infelizm
Quando chegamos, os funcionários já tinham acabado de limpar todo o depósito, nos dividimos e pintamos as paredes.Em duas horas estava tudo pintado, sentamos nas escadas morrendo de fome e esperando os móveis serem entregues, não foi necessário aguardar muito, em alguns minutos os entregadores estavam colocando os sofás, poltronas, almofadas e frigobar tudo dentro do depósito.Colocamos os sofás, um de frente para o outro, as duas poltronas no fundo da sala e o frigobar no canto ao lado da poltrona. O Zelador parafusou as prateleiras na parede onde estavam as poltronas e na parede atrás de um dos sofás, pois o outro sofá estava embaixo das janelas.Colocamos a escrivaninha encostada na parede ao lado da porta e a cadeira de escritório em frente a ela. Chand foi colocando as máquinas fotográficas antigas e o livros nas prateleiras já instaladas, enquanto eu, Luan e Natsuki tirávamos os plásticos dos móveis, o zelador levou todos os plásticos que envolviam os sofás embora para descartá