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7 - Memórias de Luan (parte 2)

Quando tínhamos dezesseis anos, a tia Selene teve que partir para a matilha Lunação para fazer tratamento contra o câncer, pedi para a Ayla falar com a nossa mãe para a Kathryn ficar conosco, não conseguia parar de pensar em como ela estava se sentindo triste e desamparada com toda essa situação, não queria que ela ficasse sozinha na casa dela.

Minha mãe pediu para tia Selene deixá-la conosco durante o tratamento, que ela estaria bem alimentada e ela dormiria no quarto da Ayla para ela não ficar se sentindo sozinha. Tia Selene concordou e trouxe a Kathryn para a casa da matilha antes de partir.

Nunca vou esquecer a dor nos olhos da Kathryn quando ela viu o carro de seus pais partindo, era uma angústia palpável, queria abraçá-la com força e tirar toda a dor dela. Ela ficou pouco mais de uma semana em nossa casa, consegui me aproximar dela aos poucos. Sempre chamava a Ayla e ela para estudarmos juntos na biblioteca e sentava o mais próximo que podia dela. Sentia como se eu estivesse no topo do mundo quando estava tão próximo dela, o cheiro delicioso dela deixando meu lobo embriagado e em êxtase, são sensações que eu também acabo sentindo.

Teve uma noite em particular que notei que a Kathryn estava muito aflita, ela saiu da casa da matilha e se deitou no gramado da entrada da casa, colocou os fones de ouvido e ficou olhando para o céu, fiquei olhando ela da janela da sala, quando vi que meu irmão Lucian saiu da casa com um copo de whisky na mão e foi em direção a ela, sai correndo de onde eu estava.

Lucian consegue ser mais babaca que a Ashina quando se trata de ômegas, e com uma expressão de poucos amigos Lucian gritou com ela: “Você é alguma mendiga para estar deitada na porta da minha casa, se levante agora e suma da minha frente”. Katryn levantou rapidamente e quando ia sair segurei em sua mão e disse: “Venha, vamos aos jardins laterais da casa, lá podemos escutar música”.

Lucian me olhou com desprezo, como se eu tivesse desafiado a babaquice que ele tinha acabado de fazer. Puxei um cobertor que eu tinha deixado na janela, caminhamos até o jardim lateral da casa, estiquei o cobertor no gramado atrás dos arbustos do jardim, ela estava muda e assustada, calmamente falei: “Pode deitar aqui, ninguém vai te incomodar”.

Assim que ela se deitou, rapidamente me deitei ao lado dela, pegando um de seus fones, imediatamente colocando em meu ouvido e puxando assunto com ela: “O que você está escutando?”. Ela ficou com o rosto virado para mim, me encarando por um tempo e perguntou: “Você gosta de rock? Minha mãe sempre escuta rock e eu gosto bastante, agora estou escutando Avril Lavigne, mas escuto outras bandas também, gosto muito do Simple Plan, do Nirvana, Green Day, adoro Linkin Park, nossa, tem tantas bandas que eu e minha mãe curtimos que eu ficaria por horas te falando”.

Eu estava em êxtase ouvindo minha garota falar, queria tanto passar meu braço embaixo do seu pescoço e fazê-la descansar a cabeça no meu peito, bem pertinho de mim, queria ficar passando a mão em seus longos cabelos negros, queria fazer cafuné em sua cabeça e claro que queria beijar a boca perfeita dela, mas não tinha coragem de tentar nada dessas coisas e o fato de estarmos só nós dois deitados compartilhando aquele cobertor, ouvindo música e olhando as estrelas era mais que suficiente para mim, nessa época eu já estava apaixonado por ela a dois anos, para mim que mal conseguia falar com ela nesses dois anos, dividir o fone era o auge.

Percebi quando olhava para ela naquela noite que algo estava deixando ela incomodada, não aguentei e perguntei: “Kathryn você está bem?”. Ela não me olhou e continuou com o olhar fixo no céu quando me respondeu: “Sinto no fundo do meu coração que minha mãe não está bem, estou com muito medo, não sei viver sem ela, não dá para viver sem ela”. As lágrimas escaparam dos cantos dos olhos dela e ela não disse mais nada, simplesmente fechou os olhos e ficamos ali por mais uma hora em silêncio, apenas ouvindo suas músicas. Depois disso, ela simplesmente se levantou e caminhou até a casa em silêncio e foi para o quarto da Ayla.

Tinha passado apenas uma semana que estávamos morando na mesma casa, íamos e voltávamos juntos da escola, almoçávamos e jantávamos juntos, eu estava tão bem por ter a Kathryn por perto, mas claro que a Ashina tinha que estragar tudo, Ayla viu a Ashina humilhando a Kathryn como se ela fosse um rato, Ayla tentou defendê-la, mas a Kathryn no mesmo dia falou para minha mãe que ela queria voltar para a casa dela e que sentia falta das suas coisas, parte disso era verdade, mas sabia que o maior motivo para ela querer ir embora foram os insultos que ela ouvia da Ashina.

Lyall tranquilizou minha mãe dizendo que a Kathryn se virava bem sozinha e que era para ela ficar tranquila, na mesma hora, ofereci leva-la para sua casa com meu carro e Lyall aceitou, claro que ele foi junto. Assim que chegamos, Kathryn me agradeceu e entrou em sua casa. Lyall não conseguiu esconder seu rosto preocupado, e perguntei para ele: “Lyall, ela vai ficar bem mesmo sozinha aqui?”. Ele disse: “Sim, mas você poderia me levar até o mercado, vou comprar comida para ela, depois eu dou um jeito de pegar um táxi para voltar”. Fiquei feliz em poder finalmente ajudar em alguma coisa e prontamente respondi: “Lyaal vamos, eu te ajudo a fazer as compras, deixamos aqui na casa e te levo de volta para a casa da matilha”. Lyall aliviado, me agradeceu e partimos para o mercado.

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