Voltamos com as compras, ajudei a descarregar e levar para dentro da casa, foi a primeira vez que entrei na casa da Kathryn, a casa era realmente encantadora e muito bem decorada, a sala de estar tinha uma lareira grande com a televisão fixada nela, um sofá cinza grande, era conceito aberto, olhando de frente víamos a ilha e a cozinha, atrás da cozinha portas francesas que levavam ao quintal e a direita uma escada que levava ao segundo piso.
Guardamos as compramos nos armários e na geladeira, consegui conhecer os gostos dela enquanto comprávamos os mantimentos.
Olhei ao redor, mas a Katryn não estava em lugar nenhum, assim que acomodamos todas as compras, Lyall me chamou: “Venha conhecer o segundo andar”. Subi atrás dele e ele foi me explicando: “Aquele primeiro quarto é o meu, mas já quase não fico aqui, esse de frente as escadas são dos meus pais”, ele seguiu pelo corredor e disse “Esse é o quarto daquela coisinha chata” se referindo a Kathryn, ele abriu a porta, mas ela não estava lá.
O quarto dela era simples, mas bonito, os móveis eram todos brancos e as paredes eram revestidas de um papel de parede cinza claro com corações na cor chumbo, de frente para a porta de entrada tinha uma cama de casal e dois criados mudos iguais em de cada lado da cama, assim que passava a porta de entrada ao lado esquerdo tinha a porta do closet, olhando dentro do closet dava para ver que tinha um banheiro depois do closet. Ao lado da porta do closet e de frente para a cama tinha uma escrivaninha bem organizada e na parede acima da escrivaninha tinha um mural de fotos, tinha fotos dela com sua mãe, sua família completa, só ela e seu pai, ela e seu irmão, ela criança tocando piano, tinha fotos com o Chand e até foto com ela e minha irmã Ayla, enquanto observava o mural me senti frustrado, também queria estar no mural de fotos do quarto dela.
Não importava como, mas ia dar um jeito de tirar uma selfie com ela, revelar e pedir para ela colocar nossa foto ali. A esquerda ao lado da escrivaninha e da cama tinha portas francesas que levava a uma pequena sacada com vista para o quintal, o quintal tinha fundos com a floresta, era realmente uma vista bonita e tranquila, esse era o espaço da minha garota, eu estava explorando cada cantinho do seu espaço pessoal quando Lyall falou: “Luan vamos, ela deve estar deitada na cama dos meus pais, no lugar onde minha mãe dorme”.
Saímos do quarto dela e entramos no quarto ao lado, e foi exatamente isso, ela estava encolhida no canto da cama de seus pais.
Lyall explicou para ela que tinha comprado mantimentos e que se ela precisasse de qualquer coisa era para ela ligar, caso ele não atendesse era para ela me ligar, peguei seu celular e salvei meu contato, mas ela nunca me ligou.
Toda vez que via ela na escola, ela estava encostada em um canto, ela estava sofrendo, dava para sentir o quanto ela estava triste, o Chand se esforçava cada vez mais para fazê-la sorrir, mas os dias ficaram mais sombrios para ela.
Minha mãe preparava algumas refeições e eu ia até a casa dela entregar, ela me recebia na porta, agradecia e entrava sem nunca me convidar para entrar com ela, e eu também não conseguia perguntar se ela queria que eu ficasse um pouco em sua casa para fazer companhia.
Quando sua mãe retornou alguns meses após fazer o tratamento, já não tinha mais o que ser feito para salvar sua vida, o tratamento não teve resultados, a Kathryn entrou em desespero, ela faltou por uma semana da escola, perguntei ao Lyall porque ela não estava indo e foi quando ele me contou que sua mãe só teria no máximo mais algumas semanas de vida, nem conseguia imaginar o sofrimento que ela estava sentindo.
Perdi meu pai alguns anos atrás em uma invasão dos renegados pela fronteira da matilha, se não fosse pelo meu irmão Lucian que lutou ao lado do meu pai e seus guerreiros nem sei se ainda haveria a matilha Luz Cinérea, todos sempre comentavam da bravura e ferocidade do meu irmão durante aquela batalha, meu pai acabou falecendo devido aos ferimentos de luta na mesma noite da vitória, foi muito triste perdê-lo, porém, meu pai nunca teve uma ligação muito forte comigo, ele sempre preferiu e teve mais afinidade com o Lucian e a Ashina, mas ainda era meu pai e fiquei arrasado quando ele partiu.
Eu e a Ayla somos muito ligados a nossa mãe, ela nos compreende de uma forma inexplicável e eu não conseguiria lidar se fosse minha mãe ao invés do meu pai que tivesse morrido, por isso imaginava que a Kathryn estava em profundo desespero.
Lyall me contou no dia que fomos juntos ao mercado que Selene e Kathryn não se desgrudavam, que essa viajem para fazer o tratamento era a primeira vez que elas se separavam, ele disse que sentia um pouco de inveja da relação das duas, que elas tinham os mesmos gostos em tudo e que elas sempre estavam de segredinhos e risadas pelos cantos da casa, comentou também que ele e seu pai às vezes ficavam observando as duas e admirando o relacionamento lindo que elas tinham desenvolvido, coisas simples tipo cantar e assistir filmes, era emocionante ver o amor das duas. Conforme lembrava dessa conversa, queria desesperadamente abraçar minha garota e fazê-la sentir todo o amor que tenho guardado dentro de mim só para ela.
Depois de algumas semanas a tia Selene faleceu, minha família toda foi ao funeral, quando vi o estado da Kathryn não consegui conter as lagrimas, ela estava pálida, com o rosto encharcado de lagrimas olhando para o caixão de sua mãe sem emitir nenhum som, seu olhar estava tão perdido como se tivessem roubado sua alma, não consegui suportar ver o sofrimento dela, a abracei tão profundamente, afundando a cabeça dela no meu peito, passei o outro braço segurando toda a extensão de suas costas com força e disse: “Kathryn, eu sinto muito, eu sinto muito mesmo”.Ela levantou a cabeça do meu peito, me olhou com tanta dor em meio a lágrimas e me disse: “Tudo que me restou da minha mãe agora são nossas lembranças, nós tínhamos tantos planos e muitas coisas que combinamos de fazer e agora acabou, eu nunca mais vou ouvir a voz dela, nunca mais vou ouvir sua risada, nunca mais vou compartilhar meus dias com ela, nós nunca mais vamos cantar juntas e conversar sobre nossas músicas favoritas, acabou,
Assim que saí da escola naquele dia, fui até a loja, revelei todas as fotos que tiramos juntos, duplicadas, sendo uma cópia para mim e outra para a Katrhryn.No outro dia, cheguei mais cedo na escola e fiquei esperando por ela no portão de entrada, assim que ela chegou, a puxei para o canto ao lado do portão e entreguei o envelope com as fotos que tinha revelado e sem a menor vergonha na cara, falei:“Coloca pelo menos uma foto de nós dois juntos no mural do seu quarto, tá bom?”.A Kathryn me olhou sem entender e com cara de espanto, disse: “Como você sabe do mural de fotos do meu quarto?”.Dei um sorriso largo para ela e respondi: “Esqueceu que fui até sua casa com seu irmão levar os mantimentos para você? Fui com seu irmão até seu quarto para te procurar, você não estava lá, mas vi seu mural de fotos e você não tinha nenhuma foto comigo, achei injusto da sua parte, então resolvi te dar nossas fotos, se até minha irmã pode estar no seu mural, porque eu não estaria nele”.Ela assentiu
Na manhã seguinte a Ayla me acordou bem cedo, e disse que passaríamos na padaria antes de irmos à escola, ela ia comprar uma caixa com seis cup cakes de chocolate, coberto com chantilly e morangos, ela disse que eram os preferidos da Katrhryn, coloquei a caixa com a pulseira dentro da minha mochila e fomos até a padaria, pegamos os cup cakes e seguimos para a escola.Na hora do intervalo, como de costume, Chand e Kathryn sentaram no canto deles na arquibancada, tirei a pulseira da caixa, devolvi a caixa vazia na mochila e fiquei com a pulseira na mão, sabia que a Kathryn não aceitaria um presente, mas o jeito que eu entregaria ela não ia recusar.Aguardei a Ayla chegar no ginásio junto com o Natsuki, assim que eles apareceram, fomos até a arquibancada nos juntar ao Chand e a Kathryn.A Ayla nem deixou a Kathryn abrir a boca, e já foi falando: “Não estamos comemorando nada, só vim aqui dividir essa caixa de cup cakes com vocês”.Assim que a Ayla terminou de falar, me aproximei, peguei
* POV da Kathryn *Após conversar com o Chand e perceber que eu estava pensando demais sobre o abraço caloroso do Luan, decidi não pensar mais sobre isso e focar nos meus estudos.Conforme os dias passavam, o Luan fazia questão de ficar perto, nem nosso cantinho dos excluídos era mais dos excluídos, quando percebemos éramos cinco pessoas em uma rodinha ao lado do muro.Ayla, Luan e Natsuki passaram a sentar conosco nos intervalos.O Chand que só ficava ali para ver os meninos sem camisa, três dias sem o jogo de basquete foi suficiente para ele não aguentar e sussurrou no meu ouvido: “Jesus deve estar achando que sou Jó para testar tanto a minha paciência, bichaaa eles precisam tirar essas camisas para que eu tenha força de vontade para estudar, sério, estou com sintomas de abstinência, olha chego a estar toda tremula, tenho que dar um jeito!”Eu caí na risada, Luan, Ayla e Natsuki sem entender nada, quando o próprio Chand argumentou com os garotos: “Luan e Natsuki vocês não sentem fal
Estávamos tão ansiosos para saber se algumas das oito chaves funcionariam que acordamos uma hora mais cedo para tentarmos abrir o depósito.Às seis e meia da manhã estávamos entrando na universidade, se alguém nos visse pensaria que realmente fazíamos parte da equipe de limpeza dos prédios. Subimos em silêncio para ninguém nos ver.Passei a primeira chave para o Chand, entrou, mas não virou o miolo da fechadura, a segunda chave nem entrou na fechadura, a terceira chave ficou emperrada no meio e tivemos que puxar com força para arrancar, quarta chave entrou, mas novamente não virou o miolo da fechadura, ele coloca a quinta chave, o miolo girou e destrancou a porta.Chand tirou um chaveiro do Hulk do bolso e pendurou a chave, jogando todas as outras chaves inúteis no bolso da frente da mochila.Abrimos a porta devagar, ele tirou uma lanterna da mochila e procurou um interruptor de luz na parede que encontrou perto da porta.O depósito tinha uns trinta metros quadrados, sendo ele utiliza
Entramos todos juntos na recepção da diretoria, Ayla educadamente pede para falar com o diretor, a secretária imediatamente anunciou pelo telefone quem estava na recepção aguardando uma reunião para falar com o diretor, nem fiquei impressionada, os Moonroe conseguiriam a assinatura do diretor sem nem precisar argumentar.Em menos de dois minutos fomos recebidos pelo diretor com um largo sorriso e muito entusiasmo.Nós cinco entramos na sala, ficamos todos em pé lado a lado, mas só o Luan falou: “Diretor Randall, bom dia! Trouxe uma solicitação de inscrição para nosso novo clube, precisamos da sua assinatura e autorização para iniciar nossas atividades com urgência”.O diretor olhou para cada um de nós e disse: “Sr. Moonroe, infelizmente não temos mais nenhuma sala disponível para novos clubes, tenho certeza que podemos arrumar vaga para você em um clube já cadastrado”.O Luan já tinha antecipado que o diretor falaria algo assim e respondeu de forma enfática: “Diretor Randall, infelizm
Quando chegamos, os funcionários já tinham acabado de limpar todo o depósito, nos dividimos e pintamos as paredes.Em duas horas estava tudo pintado, sentamos nas escadas morrendo de fome e esperando os móveis serem entregues, não foi necessário aguardar muito, em alguns minutos os entregadores estavam colocando os sofás, poltronas, almofadas e frigobar tudo dentro do depósito.Colocamos os sofás, um de frente para o outro, as duas poltronas no fundo da sala e o frigobar no canto ao lado da poltrona. O Zelador parafusou as prateleiras na parede onde estavam as poltronas e na parede atrás de um dos sofás, pois o outro sofá estava embaixo das janelas.Colocamos a escrivaninha encostada na parede ao lado da porta e a cadeira de escritório em frente a ela. Chand foi colocando as máquinas fotográficas antigas e o livros nas prateleiras já instaladas, enquanto eu, Luan e Natsuki tirávamos os plásticos dos móveis, o zelador levou todos os plásticos que envolviam os sofás embora para descartá
Meu pai chegou assim que chegamos ao portão da universidade, ele ficou observando nós cinco que ainda riamos com o efeito do álcool, quando o Chand fala para meu pai: “Tio, se minha mãe me ver assim, hoje mesmo será o dia da minha morte e ela vai me matar de uma maneira horrorosa, vou ter que dormir na sua casa”.A Ayla, aproveitando a oportunidade, falou: “Tio Badar por favor salve a gente do castigo, minha mãe também vai ficar uma fera comigo e com o Luan”.O Natsuki que nunca tinha conhecido meu pai, implorou: “Tio, me salva também, eu durmo em qualquer canto”.Foi engraçado ver meu pai colocando as mãos na cabeça e falando: “Ayla e Kathryn se apertem na cabine da caminhonete, vocês três subam na carroceria e permaneçam sentados no chão com as costas encostadas na cabine, não levantem, porque se levantarem eu mesmo mato vocês e poupo trabalho para suas mães”.Os três subiram na carroceria e sentaram-se seguindo as ordens do meu pai, sem mudar uma vírgula.Minha casa fica a vinte mi