Acordei assustada com o alarme do meu celular tocando no último volume “Faint” do Linkin Park, minha falecida mãe é responsável pelo meu gosto musical, então meu pai normalmente não reclama, mas o rock alto às seis horas da manhã em plena segunda-feira, de imediato, sei que ele vai bater na porta do meu quarto irritado me mandando desligar, ainda meio dormindo tento encontrar meu celular no criado mudo, sem sucesso, agora lembro, na noite anterior deixei o celular na escrivaninha para me obrigar a levantar e não me atrasar para o primeiro dia de aula na universidade, levanto mais rápido que posso, mas meu pai já está na porta com um super mau-humor, gritando:
“Kathryn desliga isso agora ou vou arrebentar seu celular e não vou comprar outro”.
Com calma, respondo: “Desculpe pai, eu não estava encontrando ele para desligar” desligo e respiro fundo, já sei que o café da manhã será olhando para o rosto irritado dele. Meu pai é um homem incrível e tranquilo, claro, quando eu não o irrito logo de manhã.
Tomo um banho rápido, coloco as roupas que antecipadamente havia separado na noite anterior, um jeans, baby look rosa e minha sapatilha preta, passo um gloss transparente com tom rosado nos lábios e desço as escadas do segundo andar que levam a cozinha.
Meu pai já preparou café fresco e waffles com creme de avelã, mesmo um pouco irritado, não deixo de reparar como ele é fofo comigo, afinal esse é meu café da manhã preferido e ele fez isso para que eu tivesse um inicio de dia feliz para enfrentar meu primeiro dia de aula na universidade ULC.
Não consigo resistir o quanto meu pai é atencioso e dou um abraço apertado nele o chamando pelo seu nome: “Bom dia, Sr. Badar Iffei, perdoe sua pobre filha por irrita-lo logo pela manhã”. Olho para ele piscando varias vezes as pálpebras, ele finalmente me dá um sorriso e responde: “Bom dia minha pequena, não estou irritado, coma e corra para a aula”. Obedeço como se fosse uma ordem militar, imediatamente me sentando e comendo com ele. Assim que termino, pego minha bolsa e vou para o ponto de ônibus, pensando em como será meu dia.
Acredito que a maioria das pessoas da minha idade estariam animadas com essa nova fase de suas vidas, mas eu não, os três últimos anos no ensino médio foram para resumir em uma única palavra ... difíceis, e a cidade, ou melhor, a matilha onde moro, a Matilha Luz Cinérea, tem apenas uma universidade, então vou encontrar a maioria das pessoas que me desprezavam e me humilhavam na escola pelos próximos quatro anos, mas para meu consolo meu melhor amigo Chand vai estar lá comigo, no mínimo sofreremos juntos.
Assim que o ônibus chega, sento no assento da janela, coloco meus fones e vou o caminho todo pensando em quanto me dediquei para conseguir a vaga no curso de designer de moda da ULC, é o curso mais concorrido da universidade, pois nossa matilha tem dois dos maiores grupos de vestuário do país, o grupo Moonroe e o grupo Lorrant, que se dedicam em vários seguimentos da moda, conseguir trabalhar como estilista em uma das empresas desses grupos é um dos meus sonhos.
Quando chego, vejo Chand me esperando no ponto para entrarmos juntos, felizmente partilhamos do mesmo sonho e faremos o mesmo curso.
Chand Munir é um garoto de cabelos marrom chocolate, olhos castanhos-claro, magro e tem 1,73 de altura, não chama muita atenção com seu visual, porém ficar ao lado dele é rir e gargalhar o tempo todo, ele é uma criatura muito animada e divertida, mesmo nós dois sendo ‘os excluídos’, ele consegue achar graça da desgraça em que vivemos.
Eu também não chamo atenção, sou magra, com 1,67 de altura, meus cabelos são negros e compridos na altura da cintura, normalmente faço cachos nas pontas, meus olhos são azuis iguais aos da minha falecida mãe, aliás, eu e ela éramos muito parecidas, com as mesmas feições delicadas. Mas a razão que me conecta ao meu amigo Chand e nos faz excluídos e páreas não é nossa aparência, mas sim a nossa classificação de lobo, nós dois somos ômegas.
Recebemos a classificação da matilha assim que nascemos, cada classificação de lobo tem cheiro característico e cor de olhos específicos, mesmo o lobo que habita em nós despertando apenas depois dos quatorze anos, assim que um bebê nasce na matilha, durante as primeiras vezes em que ele abre seus olhos, os olhos do seu lobo refletem através dos olhos do bebê, com o vislumbre dos olhos do lobo dá para determinar com certeza a classificação do lobo.
A patente mais alta dos lobos são os alfas, seus lobos são negros de olhos normalmente vermelhos, porém em raras exceções podem ter olhos verdes escuros, são lobos extremamente fortes e com uma personalidade forte de liderança, mas uma matilha possui apenas um alfa governante, que herda o cargo de seu pai ou é o lobo mais forte da matilha.
A segunda classificação são os lobos Betas, com lobos cinzas escuros e olhos amarelos escuros, são lobos fortes e leais, por isso sempre um lobo beta é escolhido como segundo em comando dentro do governo da matilha.
A terceira classificação são os lobos Gamas, com lobos castanhos escuros e olhos pretos, são lobos fortes e normalmente quem nasce dentro dessa classificação trabalha como guerreiro na matilha, mesmo as fêmeas com essa classificação trabalham na área de segurança.
E por último, sendo a classificação mais baixa dentro da matilha, estão os ômegas, com lobos castanho-claro e olhos igualmente castanhos, são lobos fracos que normalmente fazem o trabalho que ninguém quer fazer, é difícil um ômega conseguir alcançar grandes feitos ou ter profissões de alto escalão.
Mesmo eu e o Chand sendo ômegas, resolvemos lutar por nossos sonhos e entramos no curso de designer de moda, só a Deusa da Lua sabe o que nos aguarda, mas só temos dezessete anos, o que mais podemos fazer se não lutar e dar o máximo pelo que queremos.
Apesar de terem me classificado como ômega, meus olhos quando nasci não mostraram o vislumbre dos olhos do meu lobo e fui classificada apenas pelo meu cheiro de ômega.A primeira vez que me transformei aos quatorze anos, me transformei em um lobo totalmente branco de olhos lilases, minha mãe que estava ao meu lado, assim que viu como era minha loba, disse para eu nunca me transformar ou mostrar minha loba á ninguém, ela disse que eu era diferente e os outros lobos tentariam me matar se me vissem, depois dessa orientação assustadora da parte dela, nunca me transformei na frente de ninguém, nem mesmo meu pai ou meu irmão Lyall viram meu lobo, ambos são lobos betas e eu e minha mãe somos lobos ômegas, ambas temos uma característica incomum, quando nos machucamos nossa cura é mais acelerada que a de um alfa, ou seja, nos curamos muito rápido, os ômegas que conheço tem a cura lenta só é mais rápida do que um humano, minha mãe nunca me mostrou seu lobo, o que me fez pensar após sua morte qu
Pode parecer um pensamento derrotista achar que não há nada para nos invejarem, mas todos os membros da família Moonroe, sem exceção, são: lindos, inteligentes e poderosos.Ashina apesar de ser uma pessoa detestável era deslumbrante com 1,70 de altura, cabelo loiro na altura do ombro, olhos pretos que quando te olhavam pareciam por si só uma ameaça, ela estava sempre com a aparência impecável, assim como seu irmão gêmeo Luan, que mais parecia um Deus grego do que uma pessoa, ele era lindo de morrer com 1,87 de altura, seus cabelos eram negros que brilhavam quando o sol batia, seus olhos verdes hipnotizantes e seu rosto era dono de feições delicadas, mas ao mesmo tempo muito masculinas, ele era reservado e respeitoso com todos, uma característica que se destacava se comparado com sua irmã gêmea arrogante, eu e Chand ficávamos em transe quando o víamos no colégio, ele iniciou o curso de Negócios nessa mesma universidade, apesar de aulas diferentes com toda certeza encontraremos com ele
Sentados em nosso novo canto dos excluídos, parece que realmente não mudou nada, e quando acho que pelo menos Natsuki vai manter a camisa em seu corpo nesse novo ambiente, assim que acaba o jogo, não somente ele tira a camisa, mas mais quatro membros do time improvisado fazem o mesmo.Nessa hora, Chand me dá um tapa no braço e fala: “Socorro!!! Jesus me bata na cara com a tabua dos dez mandamentos, para que esse seu irmão pare de cometer o pecado da cobiça!”.Nesse momento, não consigo aguentar e caio na gargalhada que chego a ficar sem ar, foi demais para o Chand ver cinco machos esculturais sem camisa, eu o entendo do fundo do coração, mas se eu tivesse a tal da tabua dos dez mandamentos, eu mesma batia na cara dele com ela.Claro que depois que dei a risada escandalosa nosso esconderijo foi revelado e vi os seis homens encarando nós dois, e mesmo assim eu não conseguia controlar o riso, o Luan olhou para mim sem entender o que era engraçado, sai do canto pedindo desculpas e explica
Chand passa a primeira aula me encarando querendo saber por que o príncipe Moonroe, que é como ele se refere ao Luan, estava cheio de cuidados comigo.Nunca contei ao Chand que quando minha mãe foi para a Matilha Lunação fazer o tratamento de câncer ela me deixou na casa da matilha aos cuidados da Sra. Amaris Moonroe, meu irmão já morava lá e a Sra. Amaris por incrível que pareça era amiga da minha mãe, eu estava com dezesseis anos e meus pais ficaram preocupados em me deixar sozinha em casa.A Sra. Amaris insistiu que eu ficasse lá, o Luan e a Ayla eram quem conversavam comigo, às vezes fazíamos os deveres de casa ou estudávamos juntos. Consegui ficar apenas alguns dias lá, porque a Ashina começou a me perturbar tanto que não me sentia bem em ficar morando com eles.Pedi para a Sra. Amaris me deixar voltar para minha casa, ela fazia o Luan me levar algumas refeições e pediu para ligar para ela ou para o Luan caso eu precisasse de algo, meu irmão comprava mantimentos e eu mesma fazia
* POV de Luan *Sempre que vejo a Kathryn, sinto uma vontade avassaladora de abraçá-la, se me perguntassem o porquê, diria que é porque tenho sentimentos profundos por ela, mas não é só sentimentos de amor e paixão, é como se algo mais forte me fizesse querer protegê-la de tudo, ela desperta em mim sentimentos que não consigo entender e isso não parece tão simples em só dizer que estou apaixonado por ela, mesmo sendo essa a verdade inegável, eu sou apaixonado por ela desde os meus quatorze anos, quando a vi no colégio pela primeira vez não conseguia desviar meus olhos dela, e não é só porque ela é linda, tudo nela me deixava em profunda admiração, a voz dela é doce, ela sempre era gentil e amigável com todos, mas o sorriso dela, nossa, o sorriso dela é algo indescritível e me deixa sempre em êxtase.Sempre que estou perto dela sinto seu leve cheiro de morango e chocolate, antes pensava que ela usava um perfume com esse aroma, mas descobri que ela não usa perfume nenhum, claro eu disfa
Quando tínhamos dezesseis anos, a tia Selene teve que partir para a matilha Lunação para fazer tratamento contra o câncer, pedi para a Ayla falar com a nossa mãe para a Kathryn ficar conosco, não conseguia parar de pensar em como ela estava se sentindo triste e desamparada com toda essa situação, não queria que ela ficasse sozinha na casa dela.Minha mãe pediu para tia Selene deixá-la conosco durante o tratamento, que ela estaria bem alimentada e ela dormiria no quarto da Ayla para ela não ficar se sentindo sozinha. Tia Selene concordou e trouxe a Kathryn para a casa da matilha antes de partir.Nunca vou esquecer a dor nos olhos da Kathryn quando ela viu o carro de seus pais partindo, era uma angústia palpável, queria abraçá-la com força e tirar toda a dor dela. Ela ficou pouco mais de uma semana em nossa casa, consegui me aproximar dela aos poucos. Sempre chamava a Ayla e ela para estudarmos juntos na biblioteca e sentava o mais próximo que podia dela. Sentia como se eu estivesse no
Voltamos com as compras, ajudei a descarregar e levar para dentro da casa, foi a primeira vez que entrei na casa da Kathryn, a casa era realmente encantadora e muito bem decorada, a sala de estar tinha uma lareira grande com a televisão fixada nela, um sofá cinza grande, era conceito aberto, olhando de frente víamos a ilha e a cozinha, atrás da cozinha portas francesas que levavam ao quintal e a direita uma escada que levava ao segundo piso.Guardamos as compramos nos armários e na geladeira, consegui conhecer os gostos dela enquanto comprávamos os mantimentos.Olhei ao redor, mas a Katryn não estava em lugar nenhum, assim que acomodamos todas as compras, Lyall me chamou: “Venha conhecer o segundo andar”. Subi atrás dele e ele foi me explicando: “Aquele primeiro quarto é o meu, mas já quase não fico aqui, esse de frente as escadas são dos meus pais”, ele seguiu pelo corredor e disse “Esse é o quarto daquela coisinha chata” se referindo a Kathryn, ele abriu a porta, mas ela não estava
Depois de algumas semanas a tia Selene faleceu, minha família toda foi ao funeral, quando vi o estado da Kathryn não consegui conter as lagrimas, ela estava pálida, com o rosto encharcado de lagrimas olhando para o caixão de sua mãe sem emitir nenhum som, seu olhar estava tão perdido como se tivessem roubado sua alma, não consegui suportar ver o sofrimento dela, a abracei tão profundamente, afundando a cabeça dela no meu peito, passei o outro braço segurando toda a extensão de suas costas com força e disse: “Kathryn, eu sinto muito, eu sinto muito mesmo”.Ela levantou a cabeça do meu peito, me olhou com tanta dor em meio a lágrimas e me disse: “Tudo que me restou da minha mãe agora são nossas lembranças, nós tínhamos tantos planos e muitas coisas que combinamos de fazer e agora acabou, eu nunca mais vou ouvir a voz dela, nunca mais vou ouvir sua risada, nunca mais vou compartilhar meus dias com ela, nós nunca mais vamos cantar juntas e conversar sobre nossas músicas favoritas, acabou,