Théo Narrando
Quando ela abriu a boca pra fazer aquele pedido, eu confesso que por um segundo perdi até a concentração no que estava fazendo. Eu, Théo, o cara acostumado a controlar tudo e todos, fiquei surpreso. E olha que não é fácil me surpreender. Ava, com só dezenove anos, sentada na minha frente, naquela postura que mistura inocência com uma coragem que nem ela sabe que tem, me pediu pra trabalhar. Isso eu realmente não esperava ouvir. Eu fiquei encarando ela, tentando decifrar de onde vinha aquela ideia.
A maioria das garotas que já passaram pela minha vida não foram muitas, sempre teve o mesmo foco: luxo. Todas queriam o mesmo roteiro: serem bancadas, ganharem presente caro, carro importado, viagem pra onde desse na telha, dia sim, dia não no salão de beleza, gastando o meu dinheiro como se o mundo fosse uma eterna festa. Mas ali estava ela, me pedindo um emprego. Me pedindo ocupação. Me pedindo pra ser útil. Isso, pra mim, foi um choque. Um choque bom, diga-se.
Porque, no fu