Clarice Martins
Quando tudo terminou, Pereira me olhou pela primeira vez desde o início da operação.
— Bom trabalho — disse ele, seco, mas suficiente para saber que não era só protocolo.
— Para nós — respondi em um murmúrio.
Sabia que havia algo a mais naquela operação. Provavelmente alguém estava ciente de tudo, ou uma tarefa maior viria logo.
Enquanto caminhávamos para o carro, sendo este a única viatura sem criminosos na parte de trás, esperei que Pereira ligasse o automóvel e saísse. Então, comentei com cuidado:
— Não consigo deixar de pensar que foi muito rápido.
Ele me lançou um olhar preguiçoso.
— O chefe deles deve ter um projeto maior no norte neste exato momento. Por isso foi tão fácil.
— E por que não podemos ir onde se concentra tudo? — interroguei, chateada.
Ele apertou os olhos sem me encarar, apenas respondeu o óbvio:
— Não temos permissão.
Bufei, me contendo. Sabia que todos eram lentos: uns por opção própria e outros por estarem amarrados, como eu, sem poder para agir