Capítulo 70
Mariana Bazzi
Sara estava baleada.
Tudo virou confusão. Passos apressados, vozes elevadas, homens a minha volta, armas ainda em punho, o cheiro. A cena parecia fora de um pesadelo que eu não sabia mais se era sonho ou realidade.
Doutora Samira correu até Sara, já de joelhos, rasgando parte da roupa da mulher para avaliar o ferimento. Suas mãos ágeis agiam com precisão, mas sua expressão era tensa.
Ezequiel, por outro lado, parecia desconectado disso tudo. Observava o ambiente, a casa, os corpos no chão, como se o sangue escorrendo pelo tapete persa fosse apenas mais um detalhe do dia.
Ele passou os olhos por mim e pelas meninas, assentindo levemente. Parecia satisfeito, mas eu… eu mal conseguia raciocinar.
Abracei Íris e Soraya de novo, com força, como se meus braços fossem a única coisa que ainda pudesse mantê-las vivas.
— Vocês… como…? — eu mal conseguia falar.
— Ele salvou a gente, Mari. — Apontou para Ezequiel… — Foi onde estávamos e nos tirou de lá.