Capítulo 49 Yulssef — Levem-no! — entrei em desespero quando percebi que tinha dado errado. — Não! Por favor! Fui puxado pelos braços, sem calças, tropeçando de dor e desespero. Riam de mim enquanto me arrastavam como um verme derrotado. Um dos soldados me cobriu com um pano imundo — não por pena, mas para que eu não atraísse atenção até o destino final. Eu, Yulssef, o Consigliere do Don... agora era só mais uma peça no tabuleiro de outro império. Me jogaram em um cômodo escuro, úmido, sem janelas. O pano sujo ainda estava amarrado ao meu corpo como um lembrete da humilhação. Me deixaram lá por horas. O tempo passava lentamente, como se o próprio ar estivesse coagulado. O corte na minha bunda ardia como se tivessem deixado fogo preso sob a pele. Até que finalmente, a porta abriu. Entraram três homens. O líder era o mesmo de antes. Os outros dois pareciam mais jovens, mas tinham a mesma frieza nos olhos. Eu poderia ser estuprado. — É hora de mostrar que suas pa
Capítulo 50 Mariana Bazzi Ele só parou quando eu parei. Nossos lábios se separaram devagar, e por um segundo, fiquei ali, com os olhos ainda fechados, sentindo o calor da respiração dele misturado à minha. Então ouvi sua voz, baixa, grave, com aquele tom que me faz tremer por dentro, mas agora com um sentimento novo. — Está tudo bem? — ele perguntou, tocando de leve meu rosto. — Você gostou de estar comigo? Respirei fundo. Meu coração ainda estava acelerado, como se tentasse correr na frente da minha coragem. Mas eu assenti com a cabeça, abrindo os olhos. — Sim — murmurei. — Eu entendi. Fiz uma pausa, reunindo as palavras que vinham do lugar mais profundo de mim. — Lembrei de tudo o que venho aprendendo no meu tratamento, com a terapeuta, com os exercícios, com a verdade... Sim, Ezequiel, eu fui abusada, desrespeitada. Tive minha honra, minha dignidade invadidas por homens cruéis, nojentos. — Engoli em seco. O peito doía, mas era um tipo de dor que me libert
Capítulo 51 Yulssef Fiquei olhando pra ela, nua, descabelada, com o olho roxo. Tentei entender o que ela tinha acabado de dizer, mas meu corpo estava latejando de dor, meu cérebro ainda tentando digerir o inferno que vivi naquela cela imunda. Mas Raquel ali, caída no tapete do meu quarto, parecia um lembrete cruel de que as coisas ainda podiam piorar. — Raquel... repete isso direito — fechei a porta e me aproximei. — Você disse que a doutora fez isso com você? Ela se sentou devagar, segurando o lençol no corpo. O rosto ainda estava inchado e o sangue seco marcava o canto da boca. Cuspiu no chão com raiva antes de começar. — Eu planejei tudo. Eu ia acabar com aquela vaca metida a curandeira... — sua voz estava embargada de raiva. — Ela tinha que sair do caminho. Ela sabe demais. Pergunta demais. Enxerga coisas que ninguém devia ver. — O que você fez, Raquel? — perguntei, já prevendo a merda. Ela me encarou, com aquele brilho insano nos olhos que só aparece quando e
Capítulo 52 Ezequiel Costa Júnior Fiquei ali, parado, olhando pra Mariana com aquele vestido... algo me pegou de surpresa. Era como um déjà vu. Um lampejo estranho na memória. Fiquei em silêncio, tentando entender. Mariana, então, sentou-se na cama com aquele jeito meigo que só ela tem e disse, sorrindo: — Que legal! Provavelmente você comprou pro papai-noel, então. Deveria ter me contado desde o início. — Eu comprei? Porque eu compraria? Não faz sentido. — Você me disse que o conhece. Deve ter ajudado no fim das contas. Não entendi muito bem, nem porque não comentei isso com ela antes, mas ao olhar pra ela agora, isso não era importante. Me aproximei devagar, sentindo uma onda estranha de paz no meio da confusão que é o meu mundo. — Você tá linda — falei, deixando minha mão tocar de leve os cabelos dela. Me aproximei mais, aspirando o perfume que vinha da sua pele. — Isso tudo é pra mim? Ela assentiu, tímida, mas firme: — É sim. Dei uma risada ba
Capítulo 53 Ezequiel Costa Júnior O jantar estava ali, na minha frente, cheiroso, bem servido. Mas parecia tudo meio sem gosto. Meu garfo mexia o prato mais do que levava à boca. Não era a comida. Era ela. Mariana estava sentada a poucos passos de mim, com os cabelos soltos e um vestido que dançava sobre os ombros como se fosse feito de vento. Ela não precisava fazer esforço algum pra me prender — bastava existir. Ela levantou os olhos do prato e encontrou os meus, pela terceira vez. Dessa vez, falou. — Ezequiel... tá tudo bem? Você parece inquieto. Endireitei a postura e fingi um sorriso contido. — Tá tudo bem, sim. — Pausei. — Só... cansado. Ela não acreditou muito, mas assentiu devagar, como se me deixasse escapar — por enquanto. Terminamos o jantar em silêncio. Um silêncio bom. Ela ajudou a levar os pratos e depois subimos. Passamos por corredores grandes demais pra um casal tão calado. Assim que entramos no quarto, fechei a porta devagar. Tranquei.
Capítulo 54 Ezequiel Costa Júnior Ela já estava quente sob minhas mãos, eu queria mais, só que precisei me concentrar. Mariana não é como as outras, eu não poderia agir como se fosse. Queria cada suspiro trêmulo, cada arrepio involuntário, cada parte dela entregue porque queria — não porque devia. — Vou começar aqui... — sussurrei, tocando de leve a lateral do pescoço dela com os lábios. — Beijar devagar até sua pele pedir por mais.Desci até o ombro nu, saboreando cada pedaço. — Depois, meus dedos vão escorregar entre suas pernas, mas só o suficiente pra te fazer gemer baixinho... — minha mão roçou o lençol próximo à coxa dela, como uma ameaça deliciosa. Ela arqueou de leve, os olhos semicerrados, as mãos agarrando os lençóis. — E quando você tentar me puxar pra ti, eu ainda não vou deixar... — murmurei no ouvido dela. — Porque quero que me peça, com a voz rouca, com o corpo tremendo. Ela soltou um som fraco, um suspiro preso entre os dentes. — Vou te dei
Capítulo 55 Ezequiel Costa Júnior Subi, colando nossos corpos, e sussurrei, rouco: — Vamos tirar essa camisola? — ela assentiu, e comecei a erguer. Ela ajudou para que eu terminasse. Estava ofegante. Pairei sobre ela, segurei sua mão devagar e coloquei sobre meu peito. Seus olhos me encontraram. Seus cabelos escuros caíram sobre sua boca. Tirei com os dedos, encostando em seus lábios. — Quer me sentir? Sinta minha pele, meu anjo. — Você é bonito demais, Ezequiel... Toquei o corpo dela e ela o meu. Mariana mexia as mãos devagar sobre meu peito, como se estivesse me conhecendo. Ela olhava e movia os dedos lentamente. Enfiei meu rosto no seu pescoço e sussurrei: — Agora vou entrar devagar... só pra sentir cada contração tua em volta de mim — Ela confirmou, me ergui para pegar um preservativo na gaveta e assim que coloquei, me encaixei sobre ela novamente. Entrei nela com firmeza, mas calma, observando cada expressão do seu rosto, cada lampejo de prazer ou de culpa
Capítulo 56 Mariana Bazzi Ainda ouvia o som do coração dele. Forte, quente, vivo. Era como um abrigo onde eu podia, enfim, descansar. Fiquei ali, de olhos fechados, sentindo o calor do corpo do Ezequiel colado ao meu. Ainda estava dentro de mim. Ainda me preenchia — e não era só o corpo, era algo que ia além. Uma presença. Um cuidado. Um amor que me envolvia de um jeito que eu nunca achei que fosse possível. Por tanto tempo, homens foram para mim sinônimo de ameaça. O simples toque de um deles já bastava pra minha pele se retrair, meu estômago embrulhar, minha mente entrar em estado de alerta. Eu dizia que não precisava de ninguém. Que era mais forte sozinha e talvez fosse verdade... por um tempo. Mas agora, deitada sobre o peito de Ezequiel, com o coração dele batendo calmo sob minha orelha, eu percebia que aquilo não era fraqueza. Era entrega, era escolha. Passei a mão devagar por sua costela, sentindo a pele úmida, o cheiro dele misturado ao meu. Sorri, mesmo c