Capítulo 63
Ezequiel Costa Júnior
Fechei a porta do escritório atrás de mim e respirei fundo, sentindo o cheiro de madeira polida e lembranças distorcidas. Sara se encostou à escrivaninha como se o tempo não tivesse passado, como se ainda soubesse exatamente onde pisar pra me deixar desconfortável.
— É verdade que você não lembra de nada? — perguntou com aquele tom que misturava curiosidade e ironia.
A encarei com firmeza.
— Não de tudo. Algumas coisas voltam em flashes. Lugares, nomes… sensações. Mas não o suficiente pra entender tudo.
Ela sorriu, inclinando o corpo pra frente, como se compartilhasse um segredo. — Eu posso te ajudar, Don. Te lembrar de tudo. De nós dois.
Ignorei a insinuação e fui direto ao ponto.
— Não precisa, Sara — me afastei — Só me responde uma coisa. Aquele velho… o Ezequiel. É verdade que ele era meu pai ou não?
O sorriso dela se desfez em um riso abafado, debochado.
— Claro que não. Ezequiel nunca foi seu pai. Isso era só fachada. Uma mentira conveniente p