Capítulo 64
Ezequiel Costa Júnior
Empurrei a porta do quarto com um suspiro mais pesado do que pretendia. Meus ombros estavam tensos, e a raiva de antes ainda martelava dentro do peito, mas quando vi Mariana ali, em pé, olhando pra mim com aqueles olhos grandes e desconfiados, algo dentro de mim afrouxou.
Ela estava segurando alguma coisa — talvez uma escova, talvez só buscando algo pra manter as mãos ocupadas. Mas ao me ver entrar, o objeto escorregou de seus dedos e caiu no chão com um som seco.
— Calma — falei, abaixando imediatamente. Peguei o que ela deixou cair e entreguei de volta, devagar. Mas meu olhar se prendeu no dela.
Notei que ela olhava, com uma insistência muda, pra minha cintura. Mais precisamente, pra arma presa ali. A mesma que ainda não tive tempo de arrumar no coldre.
— Está tudo bem? — perguntei com a voz mais baixa, tentando medir a tensão dela.
Ela hesitou. Seus olhos foram da arma pro meu rosto, como se quisesse confirmar algo ali. Depois mor