Capítulo 53
Ezequiel Costa Júnior
O jantar estava ali, na minha frente, cheiroso, bem servido. Mas parecia tudo meio sem gosto. Meu garfo mexia o prato mais do que levava à boca.
Não era a comida. Era ela.
Mariana estava sentada a poucos passos de mim, com os cabelos soltos e um vestido que dançava sobre os ombros como se fosse feito de vento. Ela não precisava fazer esforço algum pra me prender — bastava existir.
Ela levantou os olhos do prato e encontrou os meus, pela terceira vez. Dessa vez, falou.
— Ezequiel... tá tudo bem? Você parece inquieto.
Endireitei a postura e fingi um sorriso contido.
— Tá tudo bem, sim. — Pausei. — Só... cansado.
Ela não acreditou muito, mas assentiu devagar, como se me deixasse escapar — por enquanto.
Terminamos o jantar em silêncio. Um silêncio bom. Ela ajudou a levar os pratos e depois subimos. Passamos por corredores grandes demais pra um casal tão calado.
Assim que entramos no quarto, fechei a porta devagar. Tranquei.