Capítulo 114
Ezequiel Costa Júnior
Entramos no carro e dirigi pela avenida principal. Mãos firmes no volante, olhar atento ao retrovisor, a cada brecha, cada farol. Não era paranoia, era hábito.
No banco ao lado, Mariana mantinha os olhos fixos a frente, mas eu sabia que ela não estava só enxergando o caminho. Ela estava revivendo. Cada passo até ali, cada ferida invisível. O lugar para o qual íamos mexia com o emocional dela — e eu sabia o motivo. Foi lá que a tirei das garras do Sidnei. Foi lá que ela quebrou por dentro.
Atrás de nós, outro carro seguia em silêncio. Dois dos meus soldados de confiança, armados e prontos, como tem que ser.
— Está tudo calmo demais. — comentei, diminuindo a marcha antes da curva que levava até a casa. — Nenhuma movimentação estranha. Nenhuma sombra fora do lugar.
— Isso é ruim? — Mariana perguntou sem tirar os olhos da rua.
— Quando se trata de gente como a Soraya… é. Ela não saberia manter a boca fechada nem se tivesse com uma arma