POV Amara
O carro deslizava pelas ruas iluminadas de forma quase irreal. Eu encarava o vidro, vendo reflexos que não eram meus, mas de uma mulher que eu mal reconheci. O vestido reluzia no tecido caro, mas eu me sentia nua, exposta, vulnerável.
Dominic dirigia em silêncio por alguns segundos, até que falou, a voz baixa, quase hesitante:
— Você não precisa ter medo.
Meu peito se apertou. Olhei para ele, para aquele semblante sereno, mas eu sabia — por trás dos olhos claros, havia o mesmo turbilhão que me consumia.
— Não é medo — murmurei, apertando o colar na minha garganta como se pudesse impedir o nó de sufocar. — É só… a certeza de que vou ser massacrada.
Ele suspirou fundo, ajeitando a gravata. — Eu estarei ao seu lado, Amara. Não importa o que falem.
Quis acreditar. Quis agarrar aquela promessa e deixar que me sustentasse. Mas a lembrança dos olhares, dos sussurros, dos julgamentos que sempre me seguiam era mais forte.
— Você fala como se fosse simples — sussurrei, quase amarga. —