Daniel começou a falar lentamente, com os olhos fixos no teto:
— Eu sou alguém que não vai sobreviver, mas, para ser honesto, já vivi o suficiente. Para mim, desde que deixei a Cidade J, deixei você, a mamãe e o avô, cada dia que passou foi um tormento...
O quarto ficou em completo silêncio.
Karina apertou a mão de Ademir em silêncio.
Em outro momento, ouvir essas palavras de Daniel poderia fazer alguém duvidar se ele estava sendo sincero.
Mas Daniel, nesse estado, ainda havia necessidade disso? Era evidente que ele estava realmente sofrendo.
Daniel continuou:
— Meu único desejo nessa vida é voltar para a Cidade J, voltar para perto da minha mãe. — Daniel olhou lentamente para Ademir. — Ademir, eu te imploro, me leve para casa, por favor.
Ademir apertou os lábios, o coração pesado e amargurado.
A pessoa diante dele era alguém que já havia sido como um irmão, mas também era o filho de seu inimigo!
Ainda assim, naquele momento, Ademir sentiu um pouco de compaixão por Daniel.
Deveria ele