O relógio marcava 22h17 quando Ethan e Helen finalmente entraram no quarto depois de um dia cheio. Entre reuniões, provocações e um jantar regado a confissões (algumas mais indecentes que outras), o clima entre os dois estava carregado de desejo, risos e expectativaHelen estava deitada no meio da cama, com os cabelos soltos e uma camisola de seda preta que dizia: “estou me esforçando pra ser romântica, mas a qualquer momento posso montar em você”. Ethan, de pé ao lado da cama, apenas a observava, ainda com camisa social e calça, mas com os olhos já queimando.— Vai ficar me olhando ou vai fazer algo a respeito? — Helen perguntou, com um sorriso preguiçoso e provocador.— Tô processando. — ele respondeu. — Tipo: o que fiz na vida pra merecer esse milagre estendido na minha cama?Ela ergueu uma sobrancelha.— E eu aqui achando que você ia começar com “tira a calcinha”.— É que ainda não consegui decidir se vou te fazer rir primeiro ou gemer. — Ethan respondeu, tirando a camisa com uma
Era sábado de manhã, e a cidade ainda dormia enquanto o sol se esgueirava pelas frestas das cortinas. Helen despertou antes do despertador. Despertou com um beijo na nuca, uma mão quente deslizando pelas curvas da cintura e um sussurro que arrepiou até a alma.— Bom dia, senhora Carter.Ela virou de lado e encontrou Ethan já acordado, apoiado no cotovelo, olhando para ela com aquele sorriso de quem planejava pecados antes do café.— Você tem algum botão interno que te ativa no modo “devasso” sempre que o sol nasce?— Só quando acordo ao lado da mulher mais gostosa do planeta.— Você precisa ser multado por excesso de testosterona. — ela murmurou, mesmo sorrindo.— Você precisa ser multada por dormir com essa camisola. Eu quase morri durante a madrugada com vontade de levantar e te virar de bruços.Ela riu, enrolando-se mais nos lençóis.— E por que não fez?— Porque eu respeito seu sono. Mas agora que você está acordada…— Ethan…— O quê?— A gente tem que levantar. Temos um almoço às
O salão de eventos do luxuoso Hotel Del Mare, em pleno centro financeiro da cidade, estava lotado. O coquetel era chique, o tipo de ambiente com champanhe francês, executivos engravatados e sorrisos milimetricamente falsos. Mas para Ethan e Helen Carter, aquilo era mais do que uma noite de networking.Era o cenário perfeito para realizar uma fantasia.Ela usava um vestido preto de cetim, justo, com um decote nas costas que provocava arrepios. Nada vulgar, tudo insinuante. Cada passo dela era um convite. O batom vermelho escuro, o olhar malicioso. E o mais importante: sob o vestido, nenhuma calcinha.Ethan sabia. Ela fez questão de sussurrar em seu ouvido no carro:— Estou obedecendo ao seu comando. Estou completamente exposta… e toda sua.Ele havia engolido em seco, os dedos apertaram o volante com força. Agora, caminhava ao lado dela pelo salão, cumprimentando sócios e diretores, mas com o pensamento em chamas. Helen era a própria perdição em salto alto.— Você está me torturando. —
Ethan Carter não era um homem fácil de surpreender.Ele controlava tudo. O tempo, os números, as pessoas. Estava acostumado a estar à frente, prever, planejar. Mas naquela noite… ele não tinha ideia do que Helen havia preparado.Tudo começou com um simples envelope deixado sobre a mesa do escritório em casa, onde ele revisava documentos com a concentração de um cirurgião em operação.Ao abrir, encontrou um bilhete escrito à mão:“Hoje você não vai controlar nada. Vista-se como se fosse me encontrar para jantar. Mas venha sozinho. Sala 408. Às 20h. E não se atrase.”Nenhuma assinatura, nenhum emoji. Nada além da caligrafia perfeita de Helen.Ethan sentiu a espinha arrepiar.Ele olhou para o relógio. 19h32, fechou o notebook e correu subindo as escadas. Em questão de minutos estava debaixo do chuveiro, sentindo o coração acelerado, como se estivesse prestes a cometer um crime. Um sorriso apareceu em seu rosto. Ela estava tramando algo, e ele mal podia esperar para ser a vítima.Às 19h58
Era uma sexta-feira à noite e tudo o que Helen queria era uma coisa: um cinema, um balde de pipoca maior que o bom senso e a companhia do homem mais teimoso, sarcástico e delicioso que já havia cruzado seu caminho: seu marido.— Vai se arrumar, chatinha — ele tinha dito mais cedo, com aquele sorrisinho torto. — Hoje você é minha namoradinha.Ela fingiu surpresa, jogando o cabelo para o lado com ar dramático.— Nossa, que honra! Mas você vai me levar pra onde? Um rodízio de pizza ou no drive-thru da esquina?— Cinema. Pipoca amanteigada e refrigerante que faz arrotar. Tudo incluso.— Meu Deus. Tá tentando me conquistar?— Helen… Eu te conquisto toda vez que respiro.Helen estava usando um vestido simples, porém justo, daqueles que Ethan sempre fingia odiar, mas que não conseguia desgrudar os olhos. Ele, por sua vez, usava jeans e uma camiseta preta, básica, mas o maldito conseguia fazer aquilo parecer desfile de passarela.Chegaram ao shopping de mãos dadas. O cinema estava cheio, mas
Cinco meses.Cinco malditos meses desde que Ethan Carter ousou me apagar da vida dele como se eu fosse um erro de digitação.“Acabou Miranda.”Foi a mensagem que recebi, a única, há cento e cinquenta e dois dias. Desde então, o silêncio.E eu não sou uma mulher feita para o silêncio.Estou parada na calçada, minhas mãos fechadas dentro do casaco de couro como se, com força suficiente, eu pudesse esmagar a raiva que pulsa dentro de mim. O frio da noite de outono morde a pele, mas é o calor do ódio que me mantém de pé.Acho que fui estúpida demais. Estúpida por pensar que poderia desaparecer por um tempo e, quando voltasse, ele ainda estaria lá, como sempre esteve. Ethan me desejava, disso eu nunca tive dúvidas. Eu via nos olhos dele. Via na forma como me olhava, como seu corpo reagia ao meu. Ele me desejava como se eu fosse a última mulher do mundo.Mas o desejo é frágil.E homens fracos, como Ethan se revelou ser, se agarram à primeira ilusão de paz que encontram. E é exatamente isso
Helen sentiu o peito se contrair no instante em que seus olhos pousaram sobre a fotografia. O mundo ao seu redor silenciou, como se o próprio tempo a suspendesse naquele exato momento de agonia. O sorriso de Ethan na imagem, sua expressão relaxada ao lado de Miranda, a maneira como seus corpos pareciam confortáveis um com o outro… cada detalhe perfurava sua alma como estilhaços de vidro.Seu coração martelava dentro do peito, não de surpresa, mas de uma dor sufocante, excruciante. Porque, no fundo, ela sempre soube. Sempre soube que Ethan nunca a quis. Sempre soube que, se pudesse escolher, ele estaria ao lado de Miranda, vivendo o sonho dourado que nunca pôde ter. E agora, ele estava ali, mostrando ao mundo, sem qualquer pudor, que ainda a desejava.O contrato entre eles nunca envolveu amor, mas Helen o amava. Amava Ethan de uma forma que a destruía pouco a pouco, que sugava sua alma a cada dia. Nunca quis esse casamento, mas quando foi obrigada a aceitar, agarrou-se à esperança de q
O telefone de Helen tocou logo pela manhã, interrompendo o silêncio tranquilo de seu apartamento. Sua voz suave atendeu o chamado, mas o tom firme e urgente de seu pai do outro lado da linha a deixou em alerta.— Helen, preciso que venha à empresa agora. É urgente.Ela conhecia bem aquela voz fria e autoritária, mas o que a diferenciava de todos os outros era sua capacidade de enfrentar o pai sem abaixar a cabeça. Sempre o fez com elegância e gentileza, porque essa era a sua essência: uma mulher doce, generosa, mas forte.Vestiu-se com um conjunto elegante, mas simples, composto por uma blusa creme delicada e uma saia lápis que moldava seu corpo de maneira sutil. Os cabelos dourados e ondulados caíam livremente sobre os ombros, e os olhos azuis brilhavam com uma mistura de apreensão e determinação. Helen era a mulher que sempre sorria para os outros, sempre buscava o melhor nas pessoas, mesmo quando o mundo parecia desmoronar ao seu redor.Enquanto caminhava para o prédio de vidro imp