Helen entrou no andar da diretoria com passos firmes, o blazer ajustado ao corpo, salto ecoando suave no piso de madeira polida, maquiagem impecável. Quem a visse diria que ela era a imagem da compostura e profissionalismo. E era, até dez minutos antes.Agora, porém, havia um leve brilho suspeito nos olhos. Um leve desarranjo no coque perfeito. E talvez, só talvez, uma marca de batom masculina no decote interno da blusa.Mas nada que chamasse atenção… se a pessoa sentada em sua cadeira não fosse Tânia.A amiga estava cruzada como uma esfinge: pernas sobrepostas com elegância, salto balançando no ar, braços cruzados e uma sobrancelha arqueada que gritava julgamento silencioso.Helen parou na porta.— Tânia, posso saber o que você tá fazendo sentada na minha mesa com essa cara de CSI do amor?— Ah, não precisa nem perguntar. — disse Tânia, erguendo o dedo. — Eu vi. O andar inteiro viu.Helen engoliu seco.— Viu o quê?— Helen Carter… — disse Tânia, apoiando os cotovelos na mesa. — O que
O caos ainda pairava no ar.Helen estava afundada na cadeira giratória, tentando respirar normalmente após ser diagnosticada por Simone e Tânia com “Síndrome de Posição Executiva Irresistível”. A amiga e a secretária, por sua vez, ainda estavam rindo tanto que pareciam ter feito abdominal.— Gente, pelo amor de Deus, chega! — Helen choramingava, cobrindo o rosto. — Daqui a pouco alguém da auditoria entra achando que tem uma rave aqui dentro.— Helen… — disse Tânia, segurando a barriga. — Eu juro, a frase “Eu só fui revisar o relatório” nunca mais vai ter o mesmo significado pra mim.Simone, recostada na parede com o crachá torto, completou:— E agora que sei que vocês usaram o botão “sala do pânico” pra trancar a porta, só posso concluir que essa firma virou um filme pornô corporativo.— Simone! — Helen espiou entre os dedos.— O quê? Tô falando sério. A próxima reunião com investidores vai ter trilha sonora e luz de LED.Foi nesse exato momento, com o clima no auge da gargalhada e ze
Helen havia terminado um dia cheio no escritório e agora estava descalça, com um vestidinho de alças simples e cabelo preso de qualquer jeito, sentada no sofá com um copo de vinho na mão. Ethan estava de calça moletom e camiseta preta justa, mexia na panela no fogão com uma confiança quase cômica.— Você está mesmo cozinhando? — Helen perguntou, arqueando a sobrancelha com um sorriso divertido.— Claro. — respondeu ele, girando a colher como se fosse um chef profissional. — Casamento moderno. CEO de dia, mestre cuca à noite… e o que vier depois disso, você já conhece.— Hmm… tem muita promessa embutida aí.— E eu vou cumprir todas. Inclusive a parte em que te sirvo um banquete… e depois te devoro na sobremesa.Helen riu, mas a verdade é que já estava se contorcendo por dentro só de ver o moletom caindo nos quadris dele. Era aquele visual de “acabei de sair do banho, mas ainda sou o dono do mundo e da sua calcinha”. Uma combinação perigosa.— Jantar em vinte minutos. — avisou ele, desl
O dia seguinte amanheceu com céu azul, café quente e um e-mail na caixa de entrada de Helen com o seguinte assunto:“Solicitação de conversa confidencial – Segurança do edifício.”Helen encarou a tela com a expressão de quem acabou de engolir um cubo de gelo.— Ah, não. — murmurou. — Não, não, não.Abriu o e-mail. Era educado. Formal, até gentil. Mas continha as palavras “filmagens de rotina”, “ativação não autorizada do botão de parada do elevador” e o temido “identificamos sua presença no momento do evento”.Ela levou a mão à testa. O “evento”.Que bonito.Ela e Ethan quase despencaram em êxtase entre os andares 25 e 26, e agora a empresa queria “uma palavrinha”.— Droga, Carter, por que você tem que ser tão bom de… tudo?Helen respondeu solicitando um horário para a tal “conversa confidencial”. Recebeu um convite para às 10h45, na sala da gerência de segurança do prédio.E então começou o que ela batizaria futuramente como “O Dia do Suor Corporativo.”Às 10h43, Helen desceu os anda
O apartamento de Ethan estava aconchegante, iluminado por uma luz amarelada e aromatizado com uma mistura de vinho e lasanha de quatro queijos no forno. Liam se jogou no sofá com um copo de whisky e Zoe, irmã intrometida-profissional, já estava abrindo a geladeira como se morasse ali.— Você tem mais vinho branco? — ela perguntou, vasculhando.— Boa noite pra você também, Zoe. — respondeu Ethan, servindo o próprio copo.— Boa noite. Agora me diga: Moscou. Foi quente ou foi Moscova?— Eu nem sei o que essa piada quis dizer. — murmurou Liam.— Foi quente. — disse Ethan com um sorriso ladino. Liam o encarou por cima do copo.— Tá, mas estou falando sério agora. Como foi?Ethan se recostou na cadeira. Havia um brilho diferente nos olhos, uma calma satisfeita misturada com orgulho possessivo. Ele deu um gole no vinho e respondeu:— Helen é um furacão.Liam tossiu o whisky.Zoe, que vinha voltando com uma taça, travou no meio da sala.— Espera. O quê?— Um. Furacão. — repetiu Ethan com tod
O relógio marcava 22h17 quando Ethan e Helen finalmente entraram no quarto depois de um dia cheio. Entre reuniões, provocações e um jantar regado a confissões (algumas mais indecentes que outras), o clima entre os dois estava carregado de desejo, risos e expectativaHelen estava deitada no meio da cama, com os cabelos soltos e uma camisola de seda preta que dizia: “estou me esforçando pra ser romântica, mas a qualquer momento posso montar em você”. Ethan, de pé ao lado da cama, apenas a observava, ainda com camisa social e calça, mas com os olhos já queimando.— Vai ficar me olhando ou vai fazer algo a respeito? — Helen perguntou, com um sorriso preguiçoso e provocador.— Tô processando. — ele respondeu. — Tipo: o que fiz na vida pra merecer esse milagre estendido na minha cama?Ela ergueu uma sobrancelha.— E eu aqui achando que você ia começar com “tira a calcinha”.— É que ainda não consegui decidir se vou te fazer rir primeiro ou gemer. — Ethan respondeu, tirando a camisa com uma
Era sábado de manhã, e a cidade ainda dormia enquanto o sol se esgueirava pelas frestas das cortinas. Helen despertou antes do despertador. Despertou com um beijo na nuca, uma mão quente deslizando pelas curvas da cintura e um sussurro que arrepiou até a alma.— Bom dia, senhora Carter.Ela virou de lado e encontrou Ethan já acordado, apoiado no cotovelo, olhando para ela com aquele sorriso de quem planejava pecados antes do café.— Você tem algum botão interno que te ativa no modo “devasso” sempre que o sol nasce?— Só quando acordo ao lado da mulher mais gostosa do planeta.— Você precisa ser multado por excesso de testosterona. — ela murmurou, mesmo sorrindo.— Você precisa ser multada por dormir com essa camisola. Eu quase morri durante a madrugada com vontade de levantar e te virar de bruços.Ela riu, enrolando-se mais nos lençóis.— E por que não fez?— Porque eu respeito seu sono. Mas agora que você está acordada…— Ethan…— O quê?— A gente tem que levantar. Temos um almoço às
O salão de eventos do luxuoso Hotel Del Mare, em pleno centro financeiro da cidade, estava lotado. O coquetel era chique, o tipo de ambiente com champanhe francês, executivos engravatados e sorrisos milimetricamente falsos. Mas para Ethan e Helen Carter, aquilo era mais do que uma noite de networking.Era o cenário perfeito para realizar uma fantasia.Ela usava um vestido preto de cetim, justo, com um decote nas costas que provocava arrepios. Nada vulgar, tudo insinuante. Cada passo dela era um convite. O batom vermelho escuro, o olhar malicioso. E o mais importante: sob o vestido, nenhuma calcinha.Ethan sabia. Ela fez questão de sussurrar em seu ouvido no carro:— Estou obedecendo ao seu comando. Estou completamente exposta… e toda sua.Ele havia engolido em seco, os dedos apertaram o volante com força. Agora, caminhava ao lado dela pelo salão, cumprimentando sócios e diretores, mas com o pensamento em chamas. Helen era a própria perdição em salto alto.— Você está me torturando. —