Mamadi me encara como se eu fosse uma praga.
— Eu sempre soube que você estava mentindo — ela ri, mas é um riso sem alma. — Lembra, Kali? Quando me disse que amava seu noivo? Cobra! Naja!
— Mamadi, eu errei! — clamo. — Suniedy, quem nunca errou nessa vida?
— Eu não! — ela grita, os olhos em fúria. — Sempre fui um exemplo pra você! Uma mulher honrada! Uma mãe decente!
— Mas eu não sou a senhora! — grito de volta. — Eu errei, sim! Me julgue! Me despreze! Mas não castigue minha filha! Ela ama vocês!
— Eu nunca mais vou tocar naquela impura. — Mamadi diz com desprezo escorrendo da boca. E então, como se quisesse marcar a cena com nojo, cospe no chão, aos meus pés.
Fico totalmente paralisada. O sangue some das minhas veias.
— O que você disse...? — murmuro, sentindo um nó se formar na garganta.
— Impura. — ela repete, desta vez sorrindo com desdém, como se saboreasse a palavra. — Vocês duas são uma vergonha. Duas imundas.
Algo dentro de mim se rompe. Um estalo seco, como um galho quebrando