POV Niyati
Estudar nunca foi algo que me assustou. Eu gostava de aprender, de mergulhar nas páginas de um livro e esquecer do tempo. Mas quando decidi que faria medicina, percebi que gostar não seria suficiente. Eu precisaria ser constante. Precisaria ser forte.
A primeira semana foi empolgante. Eu fiz cronogramas coloridos, comprei marcadores novos, arrumei a escrivaninha do quarto como se fosse meu pequeno laboratório de guerra. Acordava cedo, tomava café com mamãe e Rafael, e antes mesmo do sol aquecer direito a varanda, já estava com um caderno aberto e uma xícara de café do lado.
— Niyati, filha, tem certeza que não quer descansar um pouco? — mamãe perguntava sempre, já conhecendo meu jeito obsessivo quando me fixava em algo.
— Não, mãe. Eu preciso entender isso aqui. Anatomia não entra fácil como literatura.
Ela sorria com aquele misto de ternura e orgulho, e às vezes deixava frutas cortadas do lado dos meus livros. Só saía do quarto depois de prometer que ia parar pra almoçar.