Sílvio estava parado junto à janela do corredor, observando os flocos de neve que caíam sem parar lá fora. Sua alma parecia afundar em um abismo sem fim. Ele se lembrava do dia em que a conheceu pela primeira vez, no início do curso universitário, durante a recepção dos calouros.
Lúcia era a presidente do grêmio estudantil, usando o mesmo casaco vermelho de plumas que vestia hoje, no fatídico dia em que tudo mudou. Os cabelos presos em um coque casual, a maquiagem impecável. Talvez fosse o reflexo de uma vida cercada de requinte e influências, mas bastava sua simples presença para que ela se destacasse na multidão. Era impossível não notá-la. Entre centenas de rostos anônimos, ela era como uma estrela que brilhava mais forte.
Sílvio seguia Giovana de perto, enquanto ela sussurrava, com um meio sorriso no rosto:
— Aquela é a Sra. Lúcia, da família Baptista. Super esnobe. Não gosta de homens que correm atrás dela. Se quiser impressioná-la, seja frio, distante. Vai por mim, funciona.
Não