— Daqui a um mês, exatamente nesse dia, você mesma abre e vê. — Disse Sílvio, enquanto acariciava o topo da cabeça dela com a mão enfaixada.
Seu olhar era carregado de ternura, como se quisesse guardar cada detalhe dela, como se cada olhar pudesse ser o último. Mas por mais que ele olhasse, nunca seria o suficiente.
Lúcia também o encarava:
— Você não vai estar comigo para abrir também?
Nenhum dos dois mencionou a possibilidade de a cirurgia falhar. Estava implícito.
Os lábios de Sílvio se curvaram sutilmente, enquanto pensava se ainda teria um “próximo mês”. Lúcia só tinha quarenta por cento de chance de sobreviver à cirurgia. E segundo o Dr. Daulo, as chances dele eram ainda menores. Isso significava que ele tinha ainda menos tempo ao lado dela.
— Quer que eu esteja lá com você? — Sílvio perguntou com um sorriso leve, sua voz baixa e calorosa.
O carro seguia pela estrada de forma constante, como se deslizasse rumo ao destino inevitável dos dois, sem volta, sem pausa.
Lúcia sentiu o