Lúcia fechou os olhos e disse:
— Estou cansada, não quero brigar com você.
— Eu não quero brigar, Lúcia! Quero que você se trate, estou tentando te ajudar! Não entendo por que você só pensa em morrer! A morte vem para todos, não há como fugir dela! Mas por que você tem tanta pressa? Acha que se morrer agora vai garantir um lugar no céu? — Sílvio tentava controlar a raiva que subia em seu peito. Ele nunca havia se rebaixado tanto para alguém antes. — Lúcia, eu quero que você viva. Quero que viva comigo. Você sabe, eu sou órfão. Meus pais morreram quando eu era criança. Não tenho parentes, não tenho amigos. Só tenho você.
Ele fez uma pausa, a voz ficando mais fraca, quase suplicante:
— Se você morrer, o que vai ser de mim? Os mortos não sentem dor, mas quem fica, Lúcia, quem fica carrega o fardo mais pesado. Por favor, estou te pedindo, não faça isso.
Ao ouvir a palavra “pedir”, os cílios de Lúcia tremeram levemente. Ela se virou, olhando diretamente para ele pela primeira vez em muito t